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Trump diz que regulação ambiental está 'fora de controle' e indica revisão

OESP, Internacional, p. A8
25 de Jan de 2017

Trump diz que regulação ambiental está 'fora de controle' e indica revisão
Presidente americano reúne executivos do setor automobilístico para anunciar que pretende acabar com exigências 'excessivas' à indústria e assina ordens executivas liberando a construção de oleodutos barrados pelo governo de Barack Obama

Cláudia Trevisan

Depois de anunciar a retirada dos EUA da Parceria Transpacífico (TPP), Donald Trump deu os primeiros passos nesta terça-feira para reverter medidas de seu antecessor em outra área: o combate à mudança climática. O presidente americano disse em reunião com executivos da indústria automotiva que as regulações ambientais estão "fora de controle" e deu sinal verde para construção de dois gasodutos que enfrentavam resistência de grupos ambientalistas.
As decisões representam uma vitória para a indústria de energia, que Trump prometeu incentivar com o fim de restrições para a exploração de petróleo, carvão e gás. "Eu sou, em grande medida, um ambientalista, eu acredito nisso, mas está fora de controle", declarou Trump no encontro com executivos da indústria automobilística, referindo-se às regulações ambientais.
A expectativa do novo presidente é que o fim de regulações tire amarras da indústria, aumente os investimentos e crie empregos. "Amigos que querem construir nos EUA esperam muitos anos e, no fim, não conseguem a permissão ambiental por algo que ninguém ouviu falar antes", disse Trump aos executivos. Ele disse que pretende se concentrar na "regulação real, que significa algo" e eliminar aquela hostil aos negócios. Os executivos não disseram quais pontos da lei ambiental poderiam ser mudados.
O setor automobilístico foi alvo de ataques de Trump nos dias anteriores à sua posse. Em uma série de tuítes, ele ameaçou montadoras com a imposição de tarifas de 35% caso elas investissem na produção de carros no México para exportar ao mercado americano. A Ford cancelou um projeto de US$ 1,6 bilhão no país vizinho.
O CEO da montadora, Mark Fields, participou do encontro desta terça-feira com Trump. "Estamos entusiasmados em trabalhar com o presidente e sua administração em torno de políticas tributárias, regulações e comércio, para realmente criar o renascimento da manufatura americana", disse Fields, que elogiou a decisão do novo presidente de retirar os EUA do TPP.
O principal anúncio do presidente foi a retomada da construção do oleoduto Keystone, um projeto de 1,9 quilômetro para transportar petróleo do Canadá para os EUA. A obra havia sido vetada em 2015 pelo governo de Barack Obama, que a considerou contrária aos esforços para limitar as emissões de gases poluentes e combater o aquecimento global.
O novo presidente condicionou sua decisão ao uso de aço fabricado nos EUA na construção da obra. "É algo que está sujeito à renegociação dos termos", afirmou. "Nós vamos ver se o oleoduto pode ser construído. Muitos empregos, 28 mil empregos", observou.
Trump também abriu caminho para conclusão do oleoduto Acesso Dakota, uma obra de US$ 3,7 bilhões, cuja construção foi suspensa em razão da potencial ameaça a uma tribo indígena. Parte da obra seria construída a 1,6 quilômetro de uma reserva Sioux, sob um rio considerado sagrado pelos índios. Depois de inúmeros protestos, engenheiros anunciaram no mês passado que buscariam rotas alternativas, mas não está claro se essa decisão continuará em vigor após o anúncio de ontem.
Trump também aprovou duas orientações que aceleram o processo de concessão ambiental para futuros oleodutos e outros projetos de infraestrutura. "Isso é para acelerar o processo de permissão incrivelmente pesado, longo, horrível", disse o presidente no ato de assinatura das medidas. A nova administração orientou funcionários da Agência de Proteção Ambiental (EPA) a não atualizar blogs, contas do organismo nas redes sociais ou falar com a imprensa.
"Donald Trump só está na presidência há quatro dias e já provou que é a ameaça perigosa ao nosso clima que nós temíamos que ele fosse", disse Michael Brune, diretor executivo do Sierra Club, a maior ONG ambientalista dos EUA.
A tribo Standing Rock Sioux disse que a decisão de Trump viola a legislação que trata do controle dos índios sobre o seu território e prometeu recorrer à Justiça para tentar impedir a conclusão do Acesso Dakota.

OESP, 25/01/2017, Internacional, p. A8

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