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Tropas chegam a area de conflito no Para para reprimir grileiros

OESP, Nacional, p.A10
17 de Fev de 2005

Tropa de Choque barra protesto de índios em PE Grupo ameaçava depredar Funai e tinha feito um refém; três índios foram presos e levados à PF
ANGELA LACERDA
RECIFE - Cerca de 30 índios pancararus, de Petrolândia, no sertão, invadiram ontem pela manhã a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) no Recife e fizeram um funcionário como refém. Eles ameaçavam depredar o prédio, em protesto pela exoneração do chefe do posto da Funai na região, Gilberto Manoel Freire, e reivindicavam investimentos. A Tropa de Choque da Polícia Militar interveio e, ao final do tumulto, três índios foram presos e levados à seda Polícia Federal, onde se encontrava até o início da noite de ontem.
Chamada pela diretoria da Funai, a PM enviou 30 homens do Choque e tentou convencer os invasores a deixar o prédio e liberar o refém. De acordo com o comandante da PM, Coronel Luiz Moura, eles se negaram a sair e ameaçaram depredar o imóvel. Foi chamado um reforço de mais 20 homens e um trecho da rua foi interditada. Os policiais entraram no prédio e jogaram gás de pimenta. Assustados, os índios saíram do prédio e três foram detidos por desacato à autoridade e cárcere privado.
De acordo com a PM , os índios estavam pintados e armados com pedaços de pau. O assessor de Comunicação da PF-PE, Geovani Santoro, disse que o administrador da Funai, Manoel Lopes, afirmou, em seu depoimento, que os pancararus eram intransigentes e a Funai não tinha dinheiro guardado para aplicar na área, como eles acusavam. Segundo o administrador, manifestações semelhantes já haviam ocorrido anteriormente.
'Vergonha' - Para o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) o grupo que promoveu o protesto "não representa e envergonha o povo pancararu". De acordo com o missionário Roberto Santos, um dos índios presos, conhecido como Zé Índio é irmão do chefe da Funai exonerado e tem promovido bagunça não somente na Funai, mas também na Fundação Nacional de Saúde (Funasa). "Esse grupo não é decente e é integrado por pessoas agressivas, que defendem interesses próprios", afirmou.
Os pancararus têm uma área de 8,1 hectares distribuídas em três municípios -- Petrolândia, Tacaratu e Jatobá. O território já foi demarcado e homologado, mas ainda não foi concluída a retirada dos posseiros. O processo de retirada foi iniciado pela Funai em 1999, mas paralisado dois anos depois, sob o argumento de falta de verba.
Segundo o Cimi, com a demarcação as terras indígenas foram reduzidas e parte dos 8 mil pancararus que vivem na região ficaram fora da área delimitada. O Cimi também aponta a falta de projetos de desenvolvimento sustentável nas terras indígenas.

OESP, 13/01/2004, p. A1 e A10

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