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Tropa fará buscas por desaparecidos em reserva indígena

FSP, Poder, p. A6
28 de Dez de 2013

Tropa fará buscas por desaparecidos em reserva indígena
Após protestos de moradores de Humaitá (AM), cerca de 150 índios continuam abrigados em batalhão do Exército
Na quarta-feira, sede da Funai foi incendiada na cidade; ontem, houve novo ataque, desta vez na vizinha Apuí

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PORTO VELHO DE MANAUS DE BRASÍLIA

Forças federais deverão realizar a partir de hoje uma operação na reserva dos índios tenharim, próxima ao município de Humaitá (AM), à procura de três homens desaparecidos na região desde o último dia 16.
Segundo a PF em Rondônia, já houve autorização do Ministério da Justiça para entrada na reserva indígena.
Cerca de 3.000 moradores de Humaitá promoveram na quarta um protesto violento contra os índios, a quem responsabilizam pelo desaparecimento dos três homens. Atearam fogo à sede local da Funai (Fundação Nacional do Índio) e da Funasa (Fundação Nacional de Saúde) e a 13 veículos e três barcos usados no transporte dos índios.
Ontem, cerca de 300 pessoas destruíram, em Apuí (AM), o local utilizado por índios tenharim como pedágio ilegal na rodovia Transamazônica, em área localizada no interior da reserva da etnia. Segundo a Polícia Militar, casas de apoio próximas ao pedágio também foram queimadas. Não há registro de feridos --os índios deixaram o local e a situação foi controlada, segundo a PM.
Ameaçados, cerca de 150 indígenas continuam em um batalhão do Exército.
Os moradores suspeitam que os três desaparecidos --Aldeney Salvador (funcionário da Eletrobras), Luciano Ferreira (representante comercial) e Stef de Souza (professor em Humaitá)-- foram sequestrados pelos índios, após a morte de um cacique. A polícia diz que o índio morreu atropelado.
Os índios ameaçavam resistir à operação de busca, mas recuaram após a garantia de que a Polícia Federal realizará a vistoria. Cerca de 300 homens da Polícia Federal, da Força Nacional, do Exército e da Polícia Rodoviária Federal deverão vasculhar os 1.309 hectares da área.
Segundo autoridades policiais, o atual conflito é resultado de tensões acumuladas entre índios e não índios.
"A população está revoltada, há um ódio acumulado. Além dessa situação [desaparecimento de três homens], os índios começaram a cobrar pedágio há cerca de 20 dias na rodovia [Transamazônica, que atravessa a terra indígena]", disse o primeiro-tenente da PM Gebes Santos.
A Funai afirmou que não cabe a ela investigar o desaparecimento de pessoas.
"É fundamental reafirmar, nesse momento, os princípios que regem o Estado Democrático de Direito, no âmbito do qual são reprováveis a prática de ameaças, de violência física e moral contra indígenas e contra servidores públicos, e a depredação do patrimônio público, causadora de enorme prejuízo ao erário", diz a nota divulgada pela Funai.
(JAIRO BARBOSA, LUCAS REIS E RENATA AGOSTINI)

FSP, 28/12/2013, Poder, p. A6

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/145552-tropa-fara-buscas-por-des…

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