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Trinta mil índios vivem de cestas básicas em Mato Grosso

24 Horas News-Cuiabá-MT
Autor: NELSON FRANCISCO
06 de Jul de 2003

Cerca de 57 etnias existentes em Mato Grosso têm que buscar alternativas econômicas para garantir ao menos a alimentação. O desafio de índios, Fundação Nacional do Índio (Funai), grupos religiosos e Organizações Não Governamentais (Ongs), é implantar nas aldeias projetos para melhorar a alimentação dos índios, capacitá-los e torná-los cada vez mais independentes da ajuda governamental. "Não é possível ter aqui no Mato Grosso 30 mil índios vivendo de cesta básica e ocupando em torno de 15 milhões de hectares de terras do Estado", disse à revista Produtor Rural, Carmem Maria Castaldo, coordenadora de assuntos indígenas de Mato Grosso.

Segundo ela, não houve uma redução da fonte de alimentação. O que houve foi a escassez de alimentos. "Hoje, como eles estão colocados em reservas não têm como mudar para outros lugares, avançar", disse ela. "A qualidade de vida dos povos indígenas vem sendo truncada pela administração federal, por intervenção de pessoas que não têm interesse na melhoria da qualidade de vida deles. E os povos indígenas têm saído constantemente das suas áreas para a cidade".
Para tentar amenizar a situação, informou a coordenadora de assuntos indígenas informou à revista, pelos menos quatro projetos devem ser implantados em aldeias com o apoio da Secretaria da Agricultura, Empaer, Senar, Indea e órgãos ligados à agropecuária. "O resultado objetivado para o desenvolvimento seria sustentabilidade e principalmente o resgate de determinados hábitos alimentares que foram perdidos pelos índios", prevê Carmem Castaldo. Toda e qualquer iniciativa econômica nas aldeias, no entanto, esbarra nos limites das áreas já homologadas ou processo de demarcação. "Existem várias áreas com pedidos de demarcação ou ampliações, ou duplicações de áreas, expansão. Já conseguimos fazer o diagnóstico, dá em torno de 7 milhões de hectares", disse Carmem. Em ofício datado do dia 31 de março deste ano ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, o governador Blairo Maggi informou que as demarcações de reservas indígenas estão impedindo futuras obras de infra-estrutura estratégicas para "o nosso desenvolvimento, tais como estradas, ferrovias, hidrovias e geração de energia". Blairo reiterou que o Estado tem 17,3% (15.676.358 hectares) do seu território comprometidos com reservas indígenas, "o que viabiliza mais de 650 hectares de medida por habitante índio". Em resposta ao ofício do governador, o ministro informou que determinou à Funai a realização de um levantamento sobre todas as ações em curso, relativas à demarcação de terras indígenas em Mato Grosso. "Estou certo de que a política indigenista da República não se contrapõe às aspirações do desenvolvimento econômico, e de que encontraremos o ponto de equilíbrio entre ambas as exigências", disse o ministro.

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