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Tribos têm poucas líderes femininas

Zero Hora-Porto Alegre-RS
14 de Dez de 2004

O termo "cacica" não existe nos dicionários de português, mas já é usado informalmente nas aldeias onde as mulheres chegaram ao poder.

Segundo o professor de português Adalberto Kaspary, a Academia Brasileira de Letras registra o termo cacique como substantivo masculino, ou seja, mesmo que uma mulher fosse escolhida, ela ainda assim seria o cacique da tribo.

As mulheres caciques ainda são pouquíssimas no Brasil, conforme a Fundação Nacional do Índio (Funai). O órgão não tem um levantamento de quantas mulheres assumiram a liderança política de suas tribos.

- Elas estão se sobressaindo nas aldeias, que ainda são machistas - disse o administrador na Funai em Passo Fundo, Neri Ribeiro.

Ribeiro, caingangue filho de um ex-cacique da Guarita, explica que o machismo na tribo surgiu da transformação que sofreram os indígenas com os anos. A sociedade caingangue seria originalmente matriarcal, segundo Ribeiro.

Seu colega administrador da Funai em Goiás, Edson Beiriz, conhece duas aldeias xavantes comandadas por mulheres em Mato Grosso. São líderes que abandonaram suas comunidades e, com a família, criaram outras. Os xavantes são conhecidos pelo sistema patriarcal. Conforme Beiriz, as duas mulheres são respeitadas dentro de suas aldeias, mas discriminadas por outros caciques.

- A mulher cacique é mais dura nas cobranças, mais insistente, não aceita qualquer justificativa, quer uma solução. Os homens ponderam mais, são mais políticos - afirma.

A assistente técnica da diretoria de assistência da Funai em Brasília Rosane de Mattos Silveira, conhece três líderes indígenas femininas, duas na Bahia e outra em Roraima. Para Rosane, as mulheres caciques estão despontando por serem mais sensíveis, organizadas e práticas.

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