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A tribo dos traídos

JB, Sete Dias, p. A16
Autor: NUNES, Augusto
25 de Set de 2005

A tribo dos traídos

Entre maio e junho deste ano perturbador, 41 crianças indígenas morreram de fome. Descendiam de duas linhagens: guarani-kaiowa e bororo. Centenas de sobreviventes engrossam a fila dos condenados. Muitos não conhecerão a adolescência.
Os que escaparem carregarão para sempre as marcas impostas pelo flagelo da subnutrição. As vítimas da incompetência dos governos e da ganância dos brancos viviam em Tekoha Sombrerito, no município de Sete Quedas, e Caiuá, perto de Dourados. Para desacelerar a matança, o governo enviou cestas básicas.
O socorro chegou a bordo da Kombi emprestada por um fazendeiro aos funcionários do Ministério da Saúde. O que ainda não chegou é o dinheiro que os figurões federais juram ter enviado ao escritório da Funasa em Mato Grosso do Sul. Foi desviado, alegam diretores do órgão. Quem cometeu o crime? Isso não sabem.
Nem parecem interessados em saber. Ninguém foi demitido. A entidade não pediu ajuda à Polícia Federal ou ao Ministério Público. Lidam com tribos traídas. Em 2 de maio, o Diário Oficial da União divulgou a portaria que prometeu entregar R$ 523 mil mensais a prefeitos escalados para melhorar o atendimento aos indígenas.
O total da verba é inferior à despesa de campanha declarada ao TSE pelo ex-ministro Humberto Costa. Os 11 mil guaranis-kaiowas de Mato Grosso do Sul lutam pela vida à espera da ajuda de Lula e do governador Zeca do PT.
Essa ajuda não virá.

JB, 25/09/2005, Sete Dias, p. A16

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