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Tribo amazônica que quase foi extinta tem seu 1.500o membro

Eletronorte - www.eln.gov.br
10 de Nov de 2011

Nasceu no último dia 4, a menina Ketamyna Atroari, a milésima quingentésima (1.500o) integrante da comunidade indígena Waimiri Atroari, que vive na divisa dos estados do Amazonas e Roraima, próxima ao lago da usina hidrelétrica Balbina. Os Waimiri Atroari sobreviveram à extinção - morriam em média 20% ao ano e hoje têm taxa de natalidade de 6% ao ano. Em 1988, eram apenas 374 membros.

A tribo é apoiada atualmente por um programa da Eletrobras Eletronorte, planejada para compensar os impactos provocados pelo alagamento de 30 mil hectares das terras indígenas - hoje demarcadas em 2.585.911 hectares - pela hidrelétrica Balbina.

Um dos principais fatores responsáveis pelo crescimento populacional desses índios, de acordo com a Eletrobras, é o atendimento de saúde, que valoriza a medicina tradicional e repassa conhecimentos e recursos da medicina moderna. Na reserva há 19 postos de saúde e oito laboratórios.

As atividades são realizadas por uma médica, enfermeiras, odontólogas, 18 agentes técnicos, um motorista e com o apoio de 39 agentes técnicos de saúde e 12 laboratoristas indígenas. No começo, todos os laboratoristas eram brancos, mas depois os Waimiri foram treinados e repassaram os conhecimentos para outras pessoas da comunidade. Hoje são 12, escolhidos pelo povo.

FIM DA DESAGREGAÇÃO - Antes do programa, os Waimiri Atroari viviam um processo de desagregação de seus processos produtivos. Agora, os índios voltaram a realizar os roçados tradicionais e a independência alimentar foi resgatada.

O método pedagógico do sistema fornecido pela Eletronorte foi desenvolvido exclusivamente para a tribo. Primeiro, os índios aprendem a escrever na língua própria e, quando já estão interpretando a escrita, começam a aprender o português e a matemática.

As aulas não se limitam à escola. Outros espaços são explorados como recurso didático, a exemplo de caçadas, pescarias e construção de malocas. São 19 escolas, 54 professores Waimiri Atroari e sete não-índios que auxiliam em disciplinas como ciências, geografia e matemática. No início do programa não havia professores da etnia, isso só aconteceu com a realização de cursos de capacitação.

POVO ORGULHOSO - Com quatro quilos e 49 centímetros, a pequena Ketamyna (pronuncia-se quetamuná) nasceu na Aldeia Paryry (pronuncia-se paruru). Em breve, em uma das aldeias Waimiri Atroari, haverá a festa de comemoração pelo nascimento. Durante dias, eles cantarão, dançarão e beberão uma de suas originais preparações culinárias, o mingau de buriti. O coco do buriti é coletado na mata, triturado e misturado à tapioca. Na cozinha, as mulheres também preparam peixes, caças e mingau de banana. Os Waimiri Atroari não consomem álcool nem qualquer outro tipo de droga.

Para Porfírio Carvalho, idealizador do Programa Waimiri Atroari, o trabalho mudou a vida dessa comunidade indígena. "Não é um trabalho qualquer, mas de sentimento, de amor. Hoje, os Waimiri Atroari são um povo orgulhoso da sua vida, do seu território e da sua cultura", enfatiza Carvalho.

Em 2003, nas festividades do nascimento do 1000o Waimiri, o cacique Mario Pawere comemorou o fim da ameaça de extinção, saudou os convidados brancos e deixou o recado dos Waimiri Atroari : "Digam ao mundo que vivemos!"

http://www.vermelho.org.br/pa/noticia.php?id_secao=10&id_noticia=168365

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