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"Trem de Intercâmbio do Conhecimento" chega à BR-364

Ipam - www.ipam.org.br
Autor: Maria Emilia Coelho
09 de Jul de 2010

A pesquisa científica e o saber das populações tradicionais podem e devem ser compartilhados. Neste caminho, um grupo de cientistas resolveu apostar no "Trem de Intercâmbio do Conhecimento", um modelo inovador da difusão da informação, que combina dois elementos: educação ambiental e fortalecimento das capacidades das comunidades e outros setores.

A ideia principal é socializar as informações geradas nos projetos de pesquisa científica, sobretudo aquelas relacionadas ao uso da terra na Amazônia Sul Ocidental, já que nesta região são realizadas grandes obras de infra-estrutura. Seu objetivo é informar a sociedade civil a tomar decisões sobre o uso de seus territórios e criar mais participação pública no planejamento de uma política ambiental sustentável.

Para isso, um grupo composto por cientistas de diferentes áreas que integram o Projeto Consórcio MABE - Manejo Ambiental de Bacias e Estradas -, financiado pela USAID, realizou uma expedição ao longo do trecho da rodovia em construção BR-364, no Acre. A missão: a troca de conhecimento e experiências entre o meio científico e as comunidades afetadas pela chegada do asfalto. A BR-364 acreana corta áreas importantes de preservação ambiental, terras indígenas, assentamentos humanos e zonas em processo de regularização fundiária.

Durante 13 dias de viagem, a equipe de pesquisadores-expedicionários percorreu cinco municípios acreanos (Rodrigues Alves, Cruzeiro do Sul, Tarauacá, Feijó e Sena Madureira), convidando a população a participar dos espaços criados para debate. Os principais temas abordados foram: Mudanças no clima e futuro da floresta; Impactos de grandes obras de infra-estrutura; Cenários de desmatamento para o estado do Acre; Impactos de Estradas: Experiência e perspectivas de comunidades de outros locais da Amazônia; Alternativas para utilização de aéreas desmatadas e Valorização de produtos não madeireiros.

Durante as reuniões, foi observada grande receptividade por parte das comunidades. "O interesse da população veio, sobretudo, porque este trabalho permite que as pessoas expressem suas realidades e suas relações com as pesquisas apresentadas por nós", explica Elsa Mendoza, coordenadora do IPAM em Rio Branco (AC), e organizadora do "Trem de Intercâmbio do Conhecimento".

Também foi constatado que entre os participantes apenas 37% possuem acesso aos meios de comunicação e a via telefônica é a mais usada. "Estas comunidades precisam de mais informações. Atualmente, o principal meio de divulgação das notícias é a internet, e a população rural não têm acesso", explica Sonaira Souza, engenheira agrônoma do IPAM e uma das expedicionários do trem do conhecimento.

A expedição aconteceu entre os dias 7 e 19 de junho de 2010. Foram realizadas 8 reuniões, participando mais de 450 pessoas entre agricultores, extrativistas, indígenas, estudantes universitários e de ensino médio, representantes de sindicatos, etc. Os professores e presidentes das associações assumiram levar o resumo das informações discutidas nas reuniões para seus alunos e comunidades.

A equipe de pesquisadores estava formada pelo geoquímico Foster Brown (Woods Hole Research Center),pela engenheira Florestal Elsa Mendoza (IPAM), pela engenheira agrônoma Sonaira Souza (IPAM), pelo sociólogo Stephen Perz (Universidade da Flórida), pela bióloga Paula Pinheiro (Universidade da Flórida), pelo engenheiro florestal Roberto Tavares (Secretaria de Estado do Meio Ambiente - Acre), pela estudante de História Inglit da Silva Freitas (Universidade Federal do Acre) e pelo biólogo André Tomasi (SOS Amazônia).

http://www.ipam.org.br/noticias/-Trem-de-Intercambio-do-Conhecimento-ch…

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