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Transporte é o que mais gera efeito estufa

O Globo, Rio, p. 16
13 de Ago de 2010

Transporte é o que mais gera efeito estufa
Meta de reduzir 8% das emissões até 2012 pode ser alcançada com operação de aterro

Não são apenas os engarrafamentos os problemas gerados pelo sistema de transporte da cidade. O Inventário de Emissões de Gases de efeito estufa da Cidade, que a prefeitura apresenta hoje na abertura do Fórum Carioca de Mudanças Climáticas, no Palácio da Cidade, revela que o transporte rodoviário é o principal responsável pela emissão de gases de efeito estufa no Rio, com 33% do total. Em seguida vêm as emissões provenientes dos resíduos sólidos, com 25%, de acordo com o estudo, realizado pela Coppe/ UFRJ. O resultado vai orientar as medidas que a prefeitura tomará para reduzir as emissões em 8% até 2012, 16% até 2016 e 20% até 2020.

Um dos coordenadores técnicos do estudo, o pesquisador da Coppe Emílio La Rovere afirma que algumas medidas positivas, como a difusão dos carros híbridos, que, além da gasolina, usam o álcool e gás, já estão fazendo efeito.

- A emissão de gases do efeito estufa se manteve no mesmo patamar, na comparação com os dados de 1986, 1998 e 2005. Isso é um bom sinal, um reflexo de vários movimentos, como a difusão dos carros híbridos - disse Emílio.

Emissões mais baixas que em Nova York e Barcelona
O pesquisador da Coppe destaca ainda que as emissões per capita da cidade - 2,2 toneladas de CO2 por ano - são mais baixas que as de outras, como Barcelona (3,4 toneladas), Seul (3,8), Tóquio (4,8), Londres (6,2), Nova York (7,1) e Xangai (8,1), por exemplo.

Os dados do inventário são referentes a 2005, ano em que pesquisadores tiveram todos os dados necessários para os cálculos. O próximo passo será fazer o estudo de 2009. Faltam apenas as informações da Agência Nacional de Petróleo sobre o consumo de derivados de petróleo vendidos na cidade. Em seguida, serão feitos prognósticos com o objetivo de avaliar o impacto dos projetos públicos ainda em fase de planejamento.

O secretário municipal de Meio Ambiente e vice-prefeito, Carlos Alberto Muniz, enumerou medidas que já estão sendo tomadas para melhorar o desempenho da cidade. Ele citou o reflorestamento de 300 hectares já em 2010, além da previsão de mais 600 em 2011 e a mesma quantidade em 2012.

Além disso, os dois principais problemas apontados no inventário - transporte rodoviário e resíduos sólidos - sofrerão iniciativas de impacto. No primeiro caso, a licitação dos ônibus promete reduzir o número de veículos nas ruas e aumentar sua eficiência. Além disso, haverá corredores expressos, os BRTs, para os coletivos - ou seja, sem engarrafamentos, portanto menos poluição.

- Teremos a tecnologia mais limpa em termos de combustíveis no BRT - disse Muniz, que também citou a Central de Tratamento de Resíduos (CTR) de Seropédica. - A CTR é a solução para os resíduos sólidos.

Só a entrada em operação do novo aterro sanitário pode fazer com que seja atingida a meta de reduzir em 8%, até 2012, a emissão de gases do efeito estufa. Com o fim de Gramacho e o início das operações da CTR, a atmosfera deixará de receber 1,9 milhão de toneladas de gás carbônico por ano, de acordo com a empresa que vai administrar o novo aterro. Isso seria o mesmo que plantar 12.502.737 árvores ou impedir a circulação de 1,4 milhão de carros a gasolina num ano, segundo a ONG Iniciativa Verde.

Gases gerados pelo lixo vão ser aproveitados
O inventário de emissões de gases do efeito estufa mostra que na capital, em 2005, foram emitidos 3,2 milhões de toneladas de CO2 apenas provenientes do lixo. Deixar de lançar 1,9 milhão de toneladas de CO2 significará uma redução de 40%.

- Doze milhões de árvores absorvem essa quantidade (1,9 milhão de toneladas) de CO2 ao longo de seu crescimento. Esse CO2 é gasto em 17 milhões de pontes aéreas RioSão Paulo. Ou seja, é um valor bastante representativo. Podemos, sim, considerar essa redução como um dos maiores projetos do gênero no Brasil - disse Lucas Pereira, diretor da Iniciativa Verde.

A diminuição das emissões de CO2 será obtida com o aproveitamento dos gases gerados pela decomposição do material orgânico do lixo, principalmente o metano.

Esse gás é 21 vezes mais poluente que o CO2. Em Gramacho, o metano passou a ser captado em 2010 para ser utilizado como combustível na Refinaria Duque de Caxias (Reduc), de acordo com contrato assinado em janeiro.

O Globo, 13/08/2010, Rio, p. 16

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