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Tráfico de drogas no Maranhão pode explicar mortes de indígenas

O Globo - https://oglobo.globo.com/brasil/
15 de Dez de 2019

Tráfico de drogas no Maranhão pode explicar mortes de indígenas
Secretário de Direitos Humanos do Maranhão vê relação de assassinatos com crime organizado

Daniel Biasetto e Gustavo Schmitt

RIO E SÃO PAULO - A onda de violência contra índios no Maranhão levou o governo do estado a prometer reforços nas ações da força-tarefa estadual criada em novembro, após o primeiro ataque, para proteger territórios indígenas. Indicado como porta-voz sobre o tema pelo governador Flávio Dino, o secretário de Direitos Humanos, Francisco Gonçalves, afirma que o tráfico de drogas e o avanço de organizações criminosas nesses territórios são fatores que explicam os recentes ataques - outras possibilidades são a ação de grileiros e exploração ilegal de madeira.

Para evitar que a situação se agrave, o governo estadual pretende promover operações surpresa nos arredores das terras indígenas, com foco no combate ao crime organizado e aos ilícitos ambientais. No interior desses territórios, somente a Polícia Federal (PF) está autorizada a atuar.

Leia: Maranhão registra um terço dos assassinatos de índios no Brasil

- Nossa resposta foi criar um força-tarefa composta pela Polícia Militar, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros. Porém, dentro do território indígena não podemos nos responsabilizar. Vamos agir nos arredores. Temos todo um planejamento feito para atuar naquilo que nos compete. Nós queremos a ajuda do governo federal, mas se não recebermos ajuda, faremos a nossa parte - diz Gonçalves.

Aproximação
O secretário afirma que membros da Fundação Nacional do Índio (Funai) foram protegidos pelas estruturas do governo do estado no início do ano, quando trabalhavam para conter invasões de criadores de gado em territórios ocupados por indígenas da etnia Awá.

- Utilizamos o Batalhão de Policiamento Ambiental para isso, quando, na verdade, deveria ser um trabalho do governo federal - lembra Gonçalves.

O assessor jurídico da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), Luís Antônio Pedrosa, afirma que traficantes de maconha tentam se aproveitar de territórios onde é feito o cultivo da erva para uso medicinal e ritualístico.

- Traficantes têm se aproximado dos Guajajara, uma vez que eles fazem o plantio tradicional da maconha e tentam convencê-los a venderem sua produção no intuito de repassar no tráfico a preços maiores. Alguns até adotam a estratégia de se casarem com indígenas para ficarem mais próximos às aldeias e assim comprar o produto da agricultura familiar, de diversos plantios, em grande quantidade - diz Pedrosa, que completa: - Muito da violência tem como pano de fundo o tráfico de drogas por resistência dos índios.

Titular do ofício de defesa dos direitos indígenas, o procurador da República no Maranhão Hilton Melo afirma que o Ministério Público Federal (MPF) atua para evitar que o organizações cooptem indígenas e adotou cautela ao tratar da possível relação entre as mortes e o tráfico.

- Esse assunto já surgiu de forma tangente. Normalmente são casos de um não indígena que se junta com um índio e tenta usar dessa relação para propósitos criminosos - afirmou Melo, que desconhece a compra e venda de drogas entre índios e traficantes.

Questionado sobre criminosos em terras indígenas, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, disse que acompanha o caso e tomará providência para reduzir as mortes de índios na região.

- O Ministério enviou a PF para investigar e a Força Nacional para proteger a região - disse Moro.

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