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Trabalhadores escravos são libertados no Pará

O Globo, O País, p. 9
16 de Nov de 2004

Trabalhadores escravos são libertados no Pará
Mais de cem lavradores, entre eles menores, estavam em alojamento com péssimas condições de higiene e sem água

Mais de cem trabalhadores escravos foram libertados da Fazenda Colatina, no município de Pacajás, no Sudoeste do Pará, em uma ação do Grupo Especial de Fiscalização Móvel do Ministério do Trabalho. Entre eles havia pelo menos cinco menores de 16 anos, uma idosa e uma grávida. A fazenda é de José Carlos Cardim do Carmo Júnior, o Bacuri, que deve aos trabalhadores cerca de R$180 mil.
A ação especial do Ministério do Trabalho teve início na quarta-feira passada. A fazenda fica a 500 quilômetros de Marabá, no km 260 da Transamazônica. A fiscalização encontrou trabalhadores em péssimas condições de alojamento e higiene e sem água potável. Por causa do difícil acesso ao local, os lavradores não saíam da propriedade.
Os trabalhadores foram retirados dos barracões e levados para a sede da fazenda, onde começaram a ser ouvidos pelos auditores fiscais do trabalho, policiais federais e um procurador do trabalho.
Eles foram contratados para desmatar uma área de quase 600 alqueires. Das pessoas libertadas, principalmente vindas dos estados do Maranhão e do Piauí, ninguém possuía carteira assinada nem sequer recebia salários. Alguns estavam no local desde janeiro.
- A ação deve continuar, já que o número de trabalhadores pode ser maior - disse o coordenador do grupo, o auditor fiscal Clóvis Emídio.
Os trabalhadores são atraídos por promessas de emprego nas cidades onde moram. O endividamento começa com a cobrança do material de trabalho usado e pela comida.
Na Fazenda Colatina, grande parte dos trabalhadores estava alojada em um só barracão. Outros estavam embrenhados na mata trabalhando no desmatamento da área. Sem locais adequados para dormir, sem água potável e trabalhando apenas pela comida, os trabalhadores serão levados aos estados de origem, depois de receberem o pagamento devido.
Não é a primeira vez que o dono da Fazenda Colatina é acusado de trabalho escravo. Em junho, o auditor Clóvis Emídio já havia coordenado a retirada de 56 trabalhadores de uma outra fazenda também chamada Colatina, de Leon Lavagnolli. Na ocasião, Bacuri era o gerente da propriedade.

O Globo, 16/11/2004, O País, p. 9

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