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Tocha Rio-2007 abrirá Jogos Interculturais Indígenas de Mato Grosso

24 Horas News
13 de Jun de 2007

Representando as comunidades indígenas das Américas, Campo Novo do Parecis (MT) participa, no próximo dia 27, do Revezamento da Tocha Rio 2007. Uma cerimônia espiritual, às margens do rio Sacre, na Aldeia Quatro Cachoeiras, abre a programação às 9 horas e 48 minutos, com o Ritual de Celebração do Fogo Ancestral Indígena para Recepção à Tocha Rio 2007.

A cenografia do local será a mais natural possível, onde serão montados uma arena para as danças, um dispositivo para autoridades e Bandeira Nacional e a Pira Indígena que terá ilustração baseada na mitologia dos tupi-guarani, explicando o surgimento do nome Brasil.

O fogo, produzido com a tecnologia milenar de fricção da madeira, vai acender uma tocha indígena criada especialmente para o ritual. No final da tarde, o revezamento oficial da tocha pan-americana faz um percurso de quatro quilômetros pelas principais ruas do município e dá início aos I Jogos Interculturais Indígenas de Mato Grosso.

A região abriga cerca de 2 mil indígenas da etnia Paresi, distribuídos por 49 aldeias em reserva de 1,2 milhão hectares. A escolha das etnias do Chapadão do Parecis no Médio-norte de Mato Grosso para representar as comunidades indígenas das Américas é justificada por Carlos Terena, articulador cultural da ong ITC (Comitê Intertribal Memória e Ciência Indígena), por razões que vão além dos jogos. O ITC é um dos realizadores do evento.

Terena estabelece uma conexão mística entre o local - área central da América do Sul onde teriam surgido os primeiros povos indígenas da região -, e o ponto de partida da tocha, nas pirâmides astecas de Teotihuacán, onde acredita-se os Deuses teriam se reunido para criar o Universo. Campo Novo do Parecis é ainda a única cidade que participa do revezamento representando não um país específico, mas todas as nações e povos indígenas das Américas.

Coordenados pelo Comitê Intertribal Memória e Ciência Indígena (ITC), em parceria com a Prefeitura de Campo Novo do Parecis e Governo de Mato Grosso, os I Jogos Interculturais Indígenas de Mato Grosso devem reunir, de 27 a 30 de junho, cerca de 400 atletas índios de diversas etnias.

Entre as competições esportivas, o evento terá as modalidades de Hipipi (arco e flecha), Lutas Corporais, Jikunahati (cabeça-bol), Arremesso de Lança, Corrida de Tora, e Natação de rio. Também será realizado um Fórum de discussões com o tema "Afirmação da Identidade Cultural Indígena como Valor Nacional", além de exposições fotográficas e de artes, pinturas corporais indígenas e apresentações culturais folclóricas.
Com o tema "Celebrando as Tradições dos Primeiros Povos", os jogos indígenas de Mato Grosso são classificados como interétnicos e não inter-aldeias. No critério de seleção das etnias são avaliados diferentes aspectos. Entre eles destacam-se: o grau de preservação da língua, dos costumes e das manifestações culturais como cantos, danças, pinturas corporais, além do artesanato e esportes tradicionais.

A edição estadual foi criada em 2007, após 5 anos de realização de competições independentes nas aldeias. O evento tem como objetivo despertar nos jovens indígenas o reconhecimento de seus valores, além de promover a interação entre as sociedades, fortalecendo tanto a identidade índia quanto a não-índia. "Promovemos o esporte e a cultura, especialmente nos jogos indígenas, acreditando na importância dessas ferramentas para a valorização de cada cidadão", afirma o Secretário de Esportes de Campo Novo do Parecis, Sérgio Mineiro.

Mato Grosso é um dos maiores celeiros de diversidade cultural indígena do País e das Américas. O Estado tem cerca de 25 mil índios de 42 etnias (Fonte: Funai), entre elas a etnia Paresi que participa do ritual de recepção à tocha pan-americana.
Campo Novo do Parecis tem 18 anos e população aproximada de 25 mil habitantes (IBGE 2005). Distante 385 km da capital Cuiabá, fica no Médio-Norte do Estado, na região do Chapadão do Parecis. O município tem área de 10.796,10 Km2 e vegetação de transição entre Amazônia e Cerrado, entrecortada pela bacia amazônica.

Os principais rios são o Sucuruína, de Sangue, Membeca, Verde, Sacre, Cravari e Papagaio. Trinta por cento de seu território é ocupado por áreas indígenas pertencentes às aldeias Bacaval, Seringal, Bacaiuval, Sacre II e 4 Cachoeiras.

Tendo a soja como carro-chefe, a base da economia no maior chapadão de terras agricultáveis do planeta é o agronegócio. No turismo, destacam-se a Ponte de Pedra, e as cachoeiras Salto Belo e Utiariti, além do intercâmbio cultural com as comunidades indígenas locais.

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