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Terror Ianomâmi: Conflito em garimpo deixa ao menos dois mortos; veja vídeo

O Globo - https://oglobo.globo.com/brasil/
11 de Abr de 2022

Terror Ianomâmi: Conflito em garimpo deixa ao menos dois mortos; veja vídeo
Os Tirei, apoiados por garimpeiros, avançaram sobre território de comunidade Pixahenabi, que é contrária à atividade; cinco pessoas ficaram feridas

Daniel Biasetto e Alfredo Mergulhão
11/04/2022 - 22:37 / Atualizado em 14/04/2022 - 16:39

RIO - Um conflito entre indígenas em uma área de garimpo, dentro da Terra Indígena Yanomami, deixou ao menos dois mortos e cinco pessoas feridas. O confronto ocorreu por volta de meio-dia desta segunda-feira, quando os Tirei, apoiados por garimpeiros, invadiram a comunidade Pixanehabi, que é contrária à mineração ilegal.

- Hoje meio-dia aconteceu um conflito na comunidade Pixanehabi, que é um pouco afastada. A comunidade Tirei, que invadiu Pixanehabi, trabalha para os garimpeiros. Os garimpeiros deram 80 armas, porque os Pixanehabi falaram que não queriam garimpeiros. Então foram à comunidade e atacaram. E a comunidade Tirei atirou e aí um morreu. A comunidade (Pixanehabi) não tinha armas, aí foram com pedaço de pau, facão. Então mataram um (indígena) e um garimpeiro. Estão com cinco feridos lá esperando ser resgatados - disse o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kuana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami.

Imagens que circulam nas redes sociais mostram uma briga generalizada na comunidade Pixanehabi. É possível ouvir barulhos de tiros. Alguns vídeos também mostram pessoas mortas, sem membros e ensanguentadas pelo chão.

Nesta quarta-feira, o o Ministério Público Federal (MPF) apresentou à Justiça Federal pedido para obrigar a União a retomar ações de proteção e operações policiais contra o garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami. A medida foi tomada depois de denúncias sobre crimes cometidos contra indígenas Ianomâmi, relatadas por O GLOBO desde domingo.

De acordo com o MPF, as as operações executadas em 2021 pelo Governo Federal não foram capazes de conter o avanço da atividade ilegal na Terra Indígena Yanomami. O órgão ministerial também pede que os órgãos de repressão passem a inutilizar aeronaves, veículos e equipamentos encontrados em operações de fiscalização.

O aumento da exploração da Terra Indígena Yanomami pelo garimpo ilegal tem criado um cenário de terror e medo nas mais de 350 comunidades existentes no território, que sofrem com fome, exaustão, doenças e violência, incluindo abuso sexual de mulheres e crianças em troca de comida.

Em apenas um ano, a destruição provocada pelos invasores cresceu 46% em relação a 2020, um incremento de 1.038 hectares, atingindo um total acumulado de mais de 3 mil campos de futebol devastados, a maior taxa anual desde a demarcação da área, em 1992.

As informações constam no relatório "Yanomami sob ataque - Garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami e propostas para combatê-lo" divulgado pela Hutukara Associação Yanomami, nesta segunda-feira.

O relatório também mostra a vulnerabilidade dos indígenas afetados pelas atividades garimpeiras. As cerca de 350 comunidades são reféns de um esquema criminoso que envolve aliciamento, assédio de menores, violência e abuso sexual contra mulheres e crianças, algumas embriagadas por bebidas alcoólicas e estupradas até a morte.

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