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Autor: Caíque Rodrigues
03 de Set de 2024
PF deflagra operação para prender financiadores de garimpo ilegal na Terra Yanomami
Operação Taurus Aureus cumpre cinco mandados de prisão, 15 de busca e apreensão e o bloqueio de R$ 834 mil em bens dos investigados.
A Polícia Federal deflagrou, nesta terça-feira (3), operação para combater a logística e o financiamento das organizações que favorecem o garimpo ilegal da Terra Indígena Yanomami. Foram expedidos 15 mandados de busca e apreensão e cinco de prisão preventiva para serem cumpridos em Roraima e Rondônia.
A operação, batizada de Taurus Aureus, é ligada à Operação Libertação, deflagrada pela PF fevereiro de 2023, com ações permanentes para a expulsão dos garimpeiros invasores no território.
Até às 10h30, três pessoas tinham sido presas, uma em Boa Vista , uma no interior de Roraima, e outra em Rondônia. Investigadores tentam prender os outros dois investigados. Além disso, foram bloqueados R$ 834 mil em bens.
Um dos alvos da operação era o responsável por coordenar a logística para o garimpo no território Yanomami. Outro, comprava gado com o dinheiro do garimpo ilegal.
A ação mira financiadores do garimpo, garimpeiros que atuam no território, donos de maquinários de garimpo, responsáveis pelo transporte dos mantimentos e quem comprava o ouro extraído ilegalmente.
Foram apreendidos ainda R$ 60 mil em espécie, cinco armas, quatro carros e joias no endereços dos suspeitos.
Fazenda como ponto de apoio
A investigação indicou ainda que o grupo criminoso usava uma fazenda que funcionava como ponto de apoio para a logística do garimpo ilegal na Terra Yanomami. Era desta propriedade que suprimentos como combustíveis para maquinários eram enviados para a região do baixo rio Mucajaí, uma das áreas mais devastadas pela atividade predatória ilegal.
Até agora, a PF identificou que há servidores públicos, fazendeiros e até empresários que atuam no esquema que envolve todo o garimpo, informou o delegado da PF Michel Saliba, responsável pela operação Taurus Aureus.
"Quem realmente lucra com o garimpo não é o garimpeiro que está dentro da terra indígena, mas sim aqueles que estão no asfalto. Por isso é tão importante combater quem financia essa atividade. Nosso objetivo é descapitalizar essas organizações criminosas que financiam a atividade de garimpagem ilegal, enfraquecendo esses grupos para que não consigam se reestruturar", explicou Saliba.
A PF não divulgou quanto o grupo movimentou, mas o delegado disse que os valores são "significativos". De acordo com ele, apenas o valor de uma das máquinas usadas na extração de minério ilegal ultrapassava os R$ 400 mil.
A apreensão e o bloqueio dos bens dos investigados, como veículos e uma fazenda, são ações legais para garantir que os danos ambientais causados pelo garimpo ilegal sejam reparados. Essas medidas também têm o objetivo de tirar o dinheiro das organizações criminosas envolvidas no garimpo ilegal.
Os próximos passos da investigação envolvem a "análise do material apreendido para arrecadar mais provas e informações, com o objetivo de relatar os inquéritos e encaminhar ao Ministério Público Federal para que os investigados respondam perante a Justiça".
Operações contra o garimpo ilegal
Desde o início da operação Libertação, em fevereiro de 2023, foram deflagradas outras 23 operações especiais, cumpridos 159 mandados de busca e apreensão e 33 mandados de prisão.
O delegado destacou que a PF atua em dois grandes eixos: polícia ostensiva, atuando dentro da Terra Indígena Yanomami para desativar áreas de garimpo, e polícia judiciária, conduzindo investigações que resultam em mandados de busca, prisão e sequestro de bens.
Terra Indígena Yanomami
A Terra Yanomami está em emergência de saúde desde janeiro de 2023, quando o governo federal começou a criar ações para atender os indígenas, como o envio de profissionais de saúde e cestas básicas. Além de enviar forças de segurança a região para frear a atuação de garimpeiros.
Com quase 10 milhões de hectares, a Terra Indígena Yanomami é o maior território indígena do Brasil em extensão territorial. O território está localizado no Amazonas e em Roraima, onde fica a maior parte, e abriga cerca de 31 mil indígenas, que vivem em 370 comunidades.
De acordo com o Ministério da Saúde, sete polos de saúde foram reabertos desde os inícios das ações e, atualmente, 37 unidades de saúde funcionam dentro do território. Além disso, 1.497 profissionais de saúde atuam nele.
No fim de agosto deste ano, o Ministério da Saúde, em parceria com a Central Única das Favelas (Cufa), e a Frente Nacional Antirracista (FNA), anunciou a construção do hospital centro de referência em Surucucu na Terra Indígena Yanomami, o primeiro do território.
A pedra fundamental foi lançada no território com a presença, de forma online, da ministra Nísia Trindade, de representantes da Cufa, FNA e lideranças indígenas. Devido às fortes chuvas na região, a aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) que levaria a ministra ao território não teve condições de pousar em Surucucu.
A obra, que terá um custo de R$ 23 milhões, faz parte de um acordo de cooperação com a Cufa. O Ministério da Saúde vai investir mais de R$ 15 milhões para comportar 54 profissionais de saúde no Centro. Já a Cufa e a ONG alemã Target Reudiger Nehberg, investirão R$ 8 milhões.
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