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Temas 'espinhosos' devem ficar para semana que vem

O Globo, Sociedade, p. 30
03 de Dez de 2015

Temas 'espinhosos' devem ficar para semana que vem
Impasse permanece em questões como financiamento e metas com caráter legal

VIVIAN OSWALD
Enviada Especial
vivian.oswald@oglobo.com.br

-LE BOURGET, FRANÇA- O aparente sinal verde concedido pelos líderes de 150 países aos negociadores que se debruçam sobre o rascunho do que pode vir a ser um acordo histórico de combate ao aquecimento global não foi suficiente para que se preencham sem hesitação as lacunas do documento final. Os itens mais espinhosos do documento, sobretudo aqueles que determinam o que deve e o que não deve ter caráter legal, ficarão para as reuniões de alto nível na semana que vem. Ou seja, o avanço das conversas não tem acompanhado o ritmo declarado pelos chefes de Estado e de governo em seus entusiasmados discursos de abertura da Conferência do Clima, a COP-21. O secretário de Estado americano, John Kerry, volta a Paris no próximo dia 7 para participar das negociações. E o ministro das Relações Exteriores da França e presidente da conferência, Laurent Fabius, pediu ontem rapidez.
Está marcada para este sábado a entrega do rascunho à presidência francesa, que se encarregará de terminar de aparar as arestas e propor um texto final que seja palatável a todos. O impasse continua também sobre a questão do financiamento. Para buscar um consenso, a França intensificou as chamadas consultas informais entre os delegados. A ideia é ver até onde cada um pode ceder antes de fechar o texto. Essa foi a mesma tática usada durante a Rio+20 para se fechar um acordo, o que aconteceu antes de hora.
- É importante andar depressa. No sábado, ao meio-dia, espero um projeto o mais bem-sucedido possível - afirmou Fabius, em entrevista à imprensa.
Desde a segunda-feira, os técnicos pisam em ovos e evitam justamente os temas espinhosos. O trabalho tem sido melhorar a redação e deixar no papel entre colchetes as opções que deverão ser decididas em instâncias superiores.
- Não resta dúvida de que haverá altos e baixos. É um texto legalmente vinculante (tem força de lei) e precisa ser lido com o maior cuidado - afirmou a secretária-executiva da Convenção do Clima, Christiana Figueres.
BRASIL TEM PAPEL CRUCIAL Espera-se que o papel da ministra Izabella Teixeira seja crucial a partir da semana que vem. O Brasil está disposto a ceder em alguns pontos e, embora defenda metas obrigatórias, ou legalmente vinculantes, assim como os europeus, não descarta a possibilidade de que elas sejam usadas para parte dos itens. Mas a ministra já disse que não aceita retrocesso. O ponto de partida é a soma dos planos de ação voluntários, os INDCs no jargão técnico, entregues pelos países à Convenção do Clima. Ontem, o organismo recebeu mais dois. Já são 185. Até agora, o único ponto para o qual parece haver um consenso é a criação de um mecanismo de revisão a cada cinco anos.
O G77, grupo de países em desenvolvimento, entre eles a China, se disse "profundamente preocupado" com possíveis imposições econômicas para cessão de financiamento. "Qualquer tentativa de substituir a obrigação dos países desenvolvidos de prover apoio financeiro aos países em desenvolvimento por condições econômicas arbitrariamente identificadas é uma violação às regras do processo multilateral e ameaça os resultados aqui de Paris", disse o grupo, em nota.

O Globo, 03/12/2015, Sociedade, p. 30

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