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Temas da Eco-92 seguem em pauta

OESP, Especial, p. H3
21 de Dez de 2011

Trunfo da Rio-92 foi conscientizar o mundo sobre o ambiente; outras conferências revisaram o encontro

Karina Ninni

A Eco-92, ou Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada entre 3 e 14 de junho de 1992 no Rio de Janeiro, foi um marco. Dela saíram documentos como a Convenção do Clima, que hoje norteia as ações mundiais de combate ao aquecimento global, a Convenção da Biodiversidade, a Agenda 21 e a Carta da Terra, uma declaração de princípios para a construção de uma sociedade justa e sustentável.
Ao longo desses 20 anos, o progresso na implementação das diretrizes pregadas na Eco-92 foi avaliado em outros encontros, como a Rio+5 (em 1997, no Rio de Janeiro), a Rio+ 10 (em 2002, em Johannesburgo, África do Sul) e, agora, a Rio+20, que vai ocorrer novamente no Rio, em junho de 2012.
"Temos muita esperança na conferência, pois sentimos que o sistema multilateral, mesmo com todas as dificuldades, tem sido colocado em prática", afirma a coordenadora do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) no Brasil, Denise Hamú.
Ela participou da Eco-92 e da Rio+10, representando diferentes instituições. Antes de ocupar o cargo atual no Pnuma, trabalhou com o CEO da WWF no Brasil e passou pelo Museu Paraense Emílio Goeldi e pelo Ministério do Meio Ambiente. "Tenho diferentes ângulos e perspectivas sobre os temas tratados."
Denise afirma que não é possível comparar a Eco-92 com a Rio+20, pois, além de serem eventos diferentes, o mundo também mudou. "A Eco-92 foi uma cúpula mundial, que necessariamente tem de contar com chefes de Estado e tem mais tempo de preparação. A Rio+20 é uma conferência. São eventos de magnitudes diferentes. Além disso, os processos de engajamento estão em outro nível."
Mais do mesmo. No entanto, chama atenção, na revisão do noticiário acercada Eco-92, a sensação de déjà-vu no tocante aos assuntos considerados importantes na área socioambiental. Temas como eficiência energética, desmatamento, reconhecimento da importância do conhecimento das comunidades tradicionais, produção de lixo, redução do nível de consumo, entre outros, já estavam presentes na agenda da Eco-92.
"Penso que os 40 anos que se passaram desde a Conferência de Estocolmo, em 1972, teriam sido mais do que suficientes para apresentarmos resultados mais eficientes com relação à questão climática, ao desmatamento da Amazônia e à biodiversidade", opina Paulo Adário, coordenador da campanha de Amazônia do Greenpeace, ONG que chegou ao País justamente em 1992.
"Naquela época, havia uma expectativa com relação ao que o Greenpeace faria. Achavam que 'os malucos' iriam se acorrentar a algum lugar... Nossa presença estava conectada a fortes emoções", lembra.

Pouco mudou em 2 décadas

Na Eco-92 nasce a convicção de que omundo teria de enfrentar as mudanças climáticas. E, a exemplo do que vem acontecendo nos últimos encontros sobre o clima, os jornais chamavam atenção para o risco de o encontro terminar comum 'acordo frágil'.
"O que mudou de lá para cá foi o nível de consciência das pessoas. Mas o número de pessoas conscientes ainda é insuficiente para dar conta dos problemas", avalia Paulo Adário, do Greenpeace.
Na época, o desmatamento das florestas tropicais tinha crescido 50%, em relação a 1980.

OESP, 21/12/2011, Especial, p. H3

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