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Tem lagarto sem pata, sapo com chifres..

O Globo, Ciência, p. 36
30 de Abr de 2008

Tem lagarto sem pata, sapo com chifres...
Expedição revela 14 novas espécies de animais no Cerrado

Um lagarto sem patas, um pica-pau-anão e um sapo com chifres. Personagens de um novo desenho animado da Disney? Não. Os três bizarros animais estão entre as 14 espécies supostamente novas descobertas no Cerrado após uma expedição de quatro semanas pela região, que encontra-se ameaçada devido à expansão das áreas de cultivo agrícola.
As pesquisas foram conduzidas na Estação Ecológica da Serra Geral do Tocantins, uma área protegida de 716 mil hectares no Cerrado, e reuniram cientistas de várias universidades brasileiras e da ONG Conservação Internacional (CI).
Os pesquisadores registraram pelo menos 440 espécies de vertebrados, incluindo 259 aves, 61 mamíferos, 52 répteis, 40 anfíbios e 30 peixes. Foram também obtidos registros de várias espécies ameaçadas, como a arara-azul grande, a suçuapara, o pato-mergulhão e o inhambu-carapé. Trata-se do maior levantamento de espécies de vertebrados já conduzido em uma região de Cerrado.
Com cerca de 20 centímetros de comprimento, o lagarto, chamado de Bachia genus, lembra uma cobra por não ter patas e apresentar um focinho pontudo, o que o ajuda a locomover-se pelo solo predominantemente arenoso da região.
É excitante descobrir novas espécies e dados inéditos sobre a riqueza e a distribuição da fauna de uma das mais extensas, complexas e desconhecidas regiões do Cerrado - diz o biólogo Cristiano Nogueira, que liderou a expedição .
Divididos em grupos e turnos de trabalho de acordo com o grupo de vertebrados estudado, os pesquisadores coletaram dados em mais de 20 localidades da Estação Ecológica e arredores, nos estados da Bahia e do Tocantins.
- Os novos dados geram uma visão melhor da riqueza de espécies da maior estação ecológica do Cerrado, cuja fauna ainda era pouco estudada - afirma Nogueira. - Algumas das espécies registradas, com distribuição restrita à região da estação ecológica, dependem do bom manejo na área protegida.
Para Luís Fábio Silveira, da Universidade de São Paulo, a Estação Ecológica da Serra Geral do Tocantins é uma área prioritária para a conservação da biodiversidade brasileira.
- Esse tipo de levantamento é imprescindível para aumentar o conhecimento sobre a biologia das espécies explica Silveira. -Com ele, podemos obter dados sobre a anatomia, a biologia reprodutiva, o ciclo de vida e a alimentação das espécies, o que nos auxilia em futuros programas de conservação.
Segundo a CI, a região do Cerrado está cada vez mais tomada pela produção agrícola e pela criação de gado. A velocidade de expansão de ambas é duas vezes maior ali do que a verificada na Amazônia, relata a ONG.
Áreas extensas de Cerrado como essa estão cada vez mais raras, o que torna os dados reunidos ainda mais relevantes. - avalia Cristiano Nogueira.
Vertebrados: o maior levantamento já feito na região descobriu espécies bizarras como o lagarto sem patas (alto, à direita), que mais parece uma cobra, e o sapo com chifres (abaixo, à direita). As outras espécies de lagarto e sapo mostradas também são novas

O Globo, 30/04/2008, Ciência, p. 36

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