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Teatro para bebês chega pela primeira vez à aldeia Guarani no município de Amambai

A Crítica - http://www.acritica.net
11 de Abr de 2016

Um caminho poético evoca a história de uma pedra, que, pela força do desejo, é movida desde as entranhas da terra até seu destino: virar uma nuvem para completar seu sonho de poder chorar. A metamorfose entre rocha e alma é o ponto de partida de A Geometria dos Sonhos espetáculo para crianças de 0 a 6 anos criado pela companhia de teatro hispano-brasileira La Casa Incierta, e que, em abril, apresenta-se, pela primeira vez, na Aldeia Indígena de Amambai. (MS). "O projeto visa levar o trabalho pioneiro e referência em todo o mundo em relação à arte para a primeira infância da companhia La Casa Incierta, para entornos muito diferentes, desde cidades como São Paulo, Brasília e Fortaleza até comunidades indígenas ou quilombolas", explica a protagonista do espetáculo, Clarice Cardell. As apresentações em Amambai ocorrem no dia 21, às 18h30, e no dia 22, às 10h, no pátio da Escola Municipal Polo Indígena Mbo'Eroy Guarani Kaiowá.

Antes de chegar à aldeia indígena, porém, A Geometria dos Sonhos estará em cartaz, no dia 20 de abril, no MARCO - Museu de Arte Contemporânea de Campo Grande, para três apresentações: às 10h (apenas para professores e arte-educadores), às 15h (apenas para atores, diretores de teatro e participantes do III Seminário Estadual de Teatro) e às 17h (aberta ao público). Todas as apresentações têm entrada franca.

Em cena, a atriz brasiliense Clarice Cardell percorre um caminho pelos mapas do corpo do bebê, dos balbucios, dos erros, das marcas não desejadas e dos atos-falhos, em que a poesia da pele se abre no primeiro buraco negro - que os separa de seus antepassados e ao qual o bebê retorna nos primeiros gestos de curiosidade. Envolvendo cenário, atriz e plateia, o espaço é um sonho geométrico tubular em forma de abacaxi: o ambiente da caverna primitiva das pedras; o encontro com a fecundidade do mundo. O espaço onde se gera a luz que se abre um caminho na escuridão.

A passagem da Companhia La Casa Incierta por Mato Grosso do Sul contempla ainda o Festival Boca de Cena - Mostra sul-mato-grossense de teatro e circo/2016. No dia 18 de abril, das 8h30 às 12h Clarice Cardell participa de Arte e primeira infância, roda de conversa integrante do III Seminário Estadual de Teatro. O evento ocorre no Teatral Grupo de Risco, em Campo Grande. No mesmo dia, no MARCO, das 14h às 18h, Clarice Cardell ministrará a oficina A poética no jardim da primeira infância. O objetivo do encontro é aproximar os processos artísticos e pedagógicos em torno do universo teatral voltado para a primeira infância, explorando o misterioso universo dos cinco primeiros anos de vida de um ser humano. Partindo desse ponto, será abordada a criatividade cênica para a primeira infância, dentro de uma perspectiva do trabalho poético sobre a inocência e a invisibilidade, por meio de exercícios práticos e teóricos no campo da dramaturgia e da encenação para bebês. A oficina é dirigida a dramaturgos, diretores teatrais, professores e arte-educadores.

Serviço

As inscrições podem ser feitas pelo e-mail oficinabocadecena@gmail.com. No dia 19 de abril, das 8h30 às 12h também pelo III Seminário Estadual de Teatro, a Cia. La Casa Incierta participa do seminário Teatro para infância: formação, estética e fomento.

Sobre o projeto

No Brasil, atualmente, a urgência da inclusão da Primeira Infância em programas e políticas que privilegiem este segmento da sociedade tem sido alvo de grande debate. Segundo dados divulgados pelo Plano Nacional pela Primeira Infância, há hoje, no Brasil, 20 milhões de crianças de até 6 anos de idade, atendidas em contextos de programas voltados para infância e adolescência de forma geral. Torna-se evidente, no entanto, cada vez mais a necessidade de políticas específicas para esta faixa etária, de zero a 6 anos, que possam atender suas necessidades de crescimento e desenvolvimento. No ambiente propiciado pelo teatro, aliada à proposta de estar do público no espetáculo, a presença de todos é horizontal: não há distinções raciais ou de gêneros; de situações socioeconômicas distintas, ou mesmo etárias; quando a criança e o adulto partilham conjuntamente de uma experiência artística, em pé de igualdade, independente do ambiente socioeconômico em que ela esteja inserida.

A partir deste contexto, o projeto de circulação do espetáculo A Geometria dos Sonhos, atua em áreas de maior vulnerabilidade social e econômica, procurando integrar uma fatia da população privada do acesso à cultura e de outras atividades que possam criar espaços de cidadania inclusiva. O projeto contempla atender a crianças em zonas urbanas desfavorecidas de São Paulo, no Bairro do Brás (Espaço Sobrevento); crianças que vivenciam realidades sociais diversificadas urbanas (como em Fortaleza e Brasília) e crianças inseridas em realidades absolutamente rurais, como na comunidade quilombola do Vão das Almas (GO) ou a comunidade indígena Guarani Kaiowá de Amambai (MS).

A Geometria dos Sonhos estreou em maio de 2005, no Festival Théatre pour les touts petits (Bélgica) e em novembro de 2015 esteve em cartaz na Comunidade Quilombola Kalunga de Vão das Almas (GO). As turnês nas comunidades indígena e quilombola são resultado do prêmio Myriam Muniz 2014 da Funarte. A direção do espetáculo é do espanhol Carlos Laredo.

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