Midianews
19 de Mai de 2001
O massacre da moto-serra abriu uma imensa clareira no meio da mata virgem no município de Tapurah, distante 387 quilômetros de Cuiabá, para ceder espaço à agricultura e pecuária. Em Mato Grosso, Tapurah foi o município que mais devastou a floresta sendo responsável por 10,30% no Estado, e 5.19% nas regiões norte e médio-norte, entre agosto de 1999 e agosto de 2000. A devastação em Mato Grosso contribui com 14,9% da estimativa de desmatamentos da Amazônia, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgado esta semana.
Ao liderar o ranking de desmatamentos em Mato Grosso, é em Tapurah que fica o maior projeto de reforma agrária do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) do País. São 14 projetos de assentamentos onde algumas glebas cresceram tanto que já propõem a criação de outras cidades desmembrando-se do município.
Depois de Tapurah, os municípios de Aripuanã, São José do Xingu, Juara, Juína, Sorriso, Porto dos Gaúchos Tabaporã, Alta Floresta, Nova Monte Verde, Castanheira, Itaúba, Peixoto do Azevedo e Nova Canãa do Norte, lideram os maiores desmatamentos ocorridos no Estado nos dois últimos anos para dar espaço à agricultura e pecuária. O bote mortal contra a Amazônia fez com que grupos ambientalistas recebessem com indignação os dados divulgados pelo Inpe.
"Os números são preocupantes se olharmos para o futuro. Estabilizar a taxa de desmatamento nesse patamar equivale a controlar a febre de um paciente em 40 graus", disse ao jornal O Estado de São Paulo o secretário-geral do Fundo Mundial para a Natureza (WWF) no Brasil, Garo Batmanian. "A menos que haja redução, o paciente não vai resistir", comentou ele, para quem no início do novo milênio essa estatística não poderia ser pior para a Amazônia.
O ritmo da destruição segue uma norma básica: o que antes era floresta vira pastagem para o gado ou terra para se cultivar. E em alguns casos os responsáveis pelos desmatamentos recebem algum tipo de incentivo fiscal e financiamentos de atividades produtivas, assentamentos de colonos e subsídios para produção de grão.
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