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Suruís treinam escrita da Paiter

Diário da Amazônia - http://www.diariodaamazonia.com.br/
05 de Mai de 2010

Quarenta indígenas da etnia Suruí participam de treinamento na sede do Fórum Paiter Suruí em Cacoal. O curso que iniciou no último dia primeiro vai até esta sexta-feira e trata sobre a escrita da língua Paiter Suruí, que tem longa tradição oral, porém ainda não tem uma escrita normatizada. O treinamento é ministrado pela linguista da Universidade de Brasília (UNB), Ana Suelly, e o público alvo são principalmente professores e jovens indígenas, que deverão trabalhar a escrita da língua nas aldeias. A necessidade da normatização é uma realidade em Cacoal e em todo estado, após a criação do alfabeto suruí, uma iniciativa do professor indígena Joaton Suruí.

Língua mãe

Grande parte dos participantes do curso moram numa aldeia na linha 14, a cerca de 45 km de Cacoal, onde vivem cerca de 500 indígenas. Eles aprenderam a língua Paiter Suruí com pais e avós, e poucos sabem o português. O indígena Chamia Suruí, por exemplo, disse acreditar na importância de aprender a escrita da língua Paiter, para ensinar aos filhos e netos, e desta forma manter a tradição.

Características

Conforme a linguista Ana Suelly, após o treinamento será possível traduzir e transcrever músicas e narrativas dos suruís, na língua original destes povos em livros e cartilhas, este é um dos objetivos do curso: "Para que todos os materiais que venham a ser escritos nesta língua eles se orientem numa escrita normatizada, que seja de utilidade para todos os suruís", explicou.

Língua bela

A estudiosa destacou ainda a beleza da língua Paiter Suruí, que segundo ela é semelhante ao latim clássico, pela grande quantidade de vogais longas, por exemplo, uso de ih, ah, com entonação bela e original, que chama a atenção também pela diferença em relação a Língua Portuguesa, por exemplo: "É outra estrutura, completamente diferente, tanto a estrutura sonora quanto gramatical, e tudo aqui que esta língua representa que é uma experiência de mundo completamente diferente da nossa, né", explicou.

Nota 10

O professor indígena Joaton Suruí de Cacoal, foi o idealizador do curso e o pioneiro na normatização das língua Paiter Suruí. Ele criou um alfabeto nesta língua, através do qual começou a trabalhar a escrita da língua suruí numa escola Indígena que já lhe renderam prêmios como o 'Professor nota 10', da Fundação Victor Civita, no ano passado. Formado em Magistério Indígena em 2006, Joaton fez de sua prática em sala de aula uma bandeira para reverter esse quadro. Disseminando a escrita dos paiteres em suas aulas de Identidade, Língua Materna e Artes colaborou para manter viva uma língua que, para os 1,2 mil das 27 aldeias da etnia, possui uma função social indiscutível. "É por meio do paiter que ensinamos crianças a fazer nosso artesanato e nossa comida, como caçamos e pescamos, como cultivamos as roças e quais são nossos mitos e ritos", diz o professor. Para os avaliadores do Prêmio Victor Civita de 2008, o projeto demonstrou sintonia com a tese defendida por antropólogos e linguistas de que a Educação Indígena deve ser plurilíngue e intercultural.

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