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Supermercado verde vira tendência em todo o País

OESP, Vida, p. A19
21 de Jul de 2010

Supermercado 'verde' vira tendência em todo o País
Redes apostam em lojas com tecnologias para a economia de água e de energia e oferecem mais produtos orgânicos e postos de coleta seletiva

Andrea Vialli

De olho no consumidor atento à sustentabilidade, as grandes redes de supermercados apostam cada vez mais nas lojas "verdes". Nesses ambientes são utilizadas técnicas de construção ecológica - como sistemas de economia de energia, captação de água da chuva, telhados que aproveitam a luz natural - e, nas prateleiras, é maior a oferta de produtos orgânicos e com certificações socioambientais.
Os supermercados também se transformaram em centros de coleta seletiva, onde o consumidor pode descartar o lixo reciclável, pilhas e baterias, óleo de cozinha e até celulares antigos.
Em São Paulo, cinco lojas com o perfil de "supermercado verde" estão em operação: são três do Pão de Açúcar, nos bairros Vila Clementino, Vila Romana (na região da Lapa) e no Brooklin. A rede Walmart possui duas lojas verdes, uma no Morumbi e outra na Granja Viana, em Cotia.
O Pão de Açúcar também expandiu o conceito para o interior do Estado, com lojas em Indaiatuba e Ribeirão Preto, e a Walmart inaugurou as suas com o conceito em cidades como Mossoró (RN), Marília (SP), Rio -no bairro Campinho -, Macaé (RJ), Asa Norte (DF) e Betim (MG). Na rede Carrefour, as 20 lojas que foram abertas desde 2007 também incorporam tecnologias verdes.
"Hoje são algumas lojas que se encaixam nesse conceito. Mas a tendência é que um número maior incorpore, especialmente as que forem inauguradas daqui para frente", diz Ligia Korkes, gerente de responsabilidade socioambiental do grupo Pão de Açúcar. Ela afirma que hoje ainda é mais caro incorporar à construção da loja os princípios verdes. "A primeira loja verde, inaugurada em 2008, foi 10% mais cara. A segunda, da Vila Clementino, em 2009, foi 7%. Em escala, esse custo tende a diminuir ainda mais e pode chegar ao padrão tradicional de construção."
Além das tecnologias que permitem um uso mais racional de água e energia elétrica, o que caracteriza um supermercado verde também é a maior oferta de produtos orgânicos e certificados nas prateleiras. Hoje, do total de alimentos orgânicos produzidos no País, 89% são vendidos nas grandes redes, que têm verificado crescimento de médio de 40% nas vendas de produtos cultivados sem agrotóxicos, a cada ano.
Além de orgânicos, redes como Carrefour oferecem produtos que vêm de fazendas onde é possível rastrear a produção. "Hoje, 12% dos produtos perecíveis podem ser rastreados, o que significa que a carne, por exemplo, não vem de fazendas onde houve desmatamento ilegal", explica Paulo Pianez, diretor de sustentabilidade do Carrefour.
A rede americana Walmart chegou a traçar metas para aumentar a oferta de produtos verdes no mundo todo - no Brasil, um dos objetivos é oferecer pelo menos um produto orgânico por categoria até 2012.
Também há um esforço com os fornecedores para estimular a adoção de embalagens com menor impacto ambiental.
"O grande desafio é fazer com que a mensagem sobre sustentabilidade chegue às pessoas e não se perca no meio de tantos estímulos ao consumo", diz Christianne Urioste, diretora de sustentabilidade do Walmart.
Caminho sem volta. Para Hélio Mattar, presidente do Instituto Akatu, entidade que estimula o consumo consciente, a adoção pelo varejo de práticas mais sustentáveis veio para ficar.
"O consumidor está sensível às questões socioambientais e as redes de supermercados tem a necessidade de se diferenciar da concorrência", diz.
O desafio, segundo Mattar, é expandir o conceito para segmentos onde o consumo está em expansão, como as classes C e D. "A médio prazo, a tendência é que as redes menores e voltadas a segmentos de menor poder aquisitivo também invistam nesses diferenciais", diz Mattar. Segundo ele, isso deve ocorrer porque as lojas verdes também permitem redução de custos, como água e energia elétrica.

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100721/not_imp583963,0.php

Redes ajudam a educar clientes'

Todas as semanas, a consultora de moda e apresentadora de TV Chiara Gadaleta leva sacolas cheias de lixo reciclável para um supermercado da rede Pão de Açúcar que fica perto de sua casa.
"O hábito surgiu porque meu prédio não é atendido por coleta seletiva", conta. "Agora, estou incentivando meus vizinhos a também levarem o lixo ao supermercado."
Assim como Chiara, muitas outras pessoas têm agido dessa maneira: os resíduos levados pelos consumidores aos postos de coleta das lojas da rede já respondem por 20% do lixo reciclável que chega às cooperativas de catadores na capital paulista.
Chiara procura seguir à risca a cartilha de consumidora consciente. Ela utiliza sacolas retornáveis quando vai às compras e a maioria dos alimentos que ela e os filhos - de 14 e 5 anos - consomem é orgânica.
"Esse engajamento das redes de supermercados é positivo, pois elas acabam atuando na educação para um consumo mais sustentável", avalia a especialista em moda. / A.V.

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100721/not_imp583949,0.php

Três perguntas para...David Barnes
Pesquisador da British Antarctic Survey (BAS)

Afra Balazina

1. Como foi encontrar plástico em áreas remotas da Antártida?

Em outras partes do mundo temos uma ideia razoável da pressão dos detritos de plástico no oceano e em terra. Mas na Antártida, no Oceano Austral, é onde sabemos menos. Metade da nossa pesquisa cobriu áreas que nunca haviam sido estudadas. Ao contrário de outros oceanos, há pouco material natural flutuando, como sementes, frutas, madeira, conchas. Por isso, plásticos são uma grande mudança.

2. Que alterações os plásticos trazem?

Eles podem levar animais ao sufocamento e transportar espécies para novos lugares onde podem se tornar pragas invasoras. Porém, apesar de terem atingido na Antártida áreas sem população humana permanente em mil quilômetros, ainda não há sinal de que eles tenham atingido o fundo do mar.

3. E como o clima pode influenciar a questão?

Com o aquecimento da região será mais fácil para as pragas se estabelecerem. E os derivados dos plásticos tornarão sua jornada mais simples. É bom lembrar que a maior parte das espécies nativas da Antártida não existe em outros lugares e é sensível a mudanças. Então, se novas pragas chegarem e impactarem espécies nativas, a perda será global. Portanto, é preciso conscientizar as pessoas de que o problema é muito mais sério do que o incômodo estético de ver lixo plástico por toda a parte.

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100721/not_imp583950,0.php

OESP, 21/07/2010, Vida, p. A19

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