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Suhab veta casa a indígenas acampados em assentamento

D24 AM - www.d24am.com
Autor: Felipe Carvalho
23 de Ago de 2010

Manaus - Desde o dia 18 de julho, seis famílias indígenas estão morando provisoriamente em um assentamento instalado no Parque Santa Etelvina, zona norte de Manaus. Eles fizeram parte do grupo que ocupou a praça 9 de Novembro, no Centro de Manaus, do dia 9 a 16 de julho. As famílias ainda aguardam as casas prometidas pela Superintendência de Habitação do Amazonas (Suhab). A assessoria do órgão informou que os indígenas não receberão as residências.

Os 21 índios das etnias ticuna, apurinã, kambeba, mura e kokama vivem como podem. No terreno alugado pela Fundação Nacional do Índio (Funai), eles se dividem entre quatro barracos de lona cuja área não
ultrapassa os seis metros quadrados e uma casa de alvenaria. Só há um banheiro para todos.

Eliane Manuiama, de 26 anos, é uma das pessoas que mora no assentamento. Ela divide o barraco com o marido e o filho de sete meses. Ela e o esposo estão desempregados. Sem cama, eles são obrigados a dormir sobre o chão de barro.

Aos 75 anos, Nelson Kokama trabalha como carregador na feira Manaus Moderna, Centro, para se manter. Dentro do barraco onde vive, ele exibe os únicos bens que possui: uma cama e algumas peças de roupa.

Segundo Nelson, além do pouco espaço e total ausência de conforto, eles ainda têm que conviver com a insegurança na comunidade, situada na periferia da capital amazonense. "Aqui é muito perigoso. Tem noites
que nem conseguimos dormir", declara.

Apesar das dificuldades enfrentadas, Eliane, Nelson e os outros indígenas descartam a possibilidade de voltar para as aldeias de origem, no interior do Amazonas. Eles afirma que a situação no interior é pior.

Funai

O coordenador regional da Funai, Odiney Rodrigues Hayden, afirma que instalar os indígenas no bairro Santa Etelvina é uma medida provisória, enquanto eles não recebem as casas prometidas pela Suhab. Odiney declara que pagar o aluguel social do terreno é o máximo que a instituição pode fazer. "A Funai não possui política para índios urbanos", ressalta. "Nós alugamos um lugar para estas famílias não ficassem na rua. Mas é provisório". Segundo Odiney, o contrato com o imóvel é de apenas seis meses. Durante este tempo, as famílias têm que achar outro local para morar ou serão despejadas.

Suhab

A assessoria da Superintendência de Habitação informa que apenas 12 famílias formalizaram o cadastro no programa de habitação do órgão. Segundo a instituição, todas elas já receberam a nova moradia.

De acordo com o órgão, num primeiro momento nove famílias foram beneficiadas. Os três grupos restantes foram contemplados na quinta-feira, dia 19 de agosto. A Suhab justifica este atraso na entrega afirmando que alguns indígenas demoraram a apresentaram os documentos necessários para a integrarem o programa social.

"Desconhecemos estas famílias. Elas não estão cadastradas junto a Suhab", declarou a assessoria.

A Suhab também destacou que a entrada de novas participantes no programa de habitação está suspensa. Atualmente, mais de 14 mil famílias de todo o Amazonas aguardam uma casa.

Promessas

Elimara Manuiama, de 22 anos, se apresenta como líder do grupo. Ela se surpreende com a declaração da Suhab e relata que os próprios representantes da Superintendência disseram que todas as 15 famílias indígenas que ocuparam a praça 9 de novembro receberiam casas. "Eles foram até a praça e fizemos o cadastro. Todos nós fomos cadastramos", disse. "Por que ainda não recebemos?".

Segundo Elimara, no sábado, dia 21 de agosto, um deputado estadual candidato a reeleição visitou o assentamento indígena. O parlamentar pediu que os índios comparecessem a Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM), na manhã da terça-feira, dia 24, para tratarem sobre o caso. "Ele prometeu nos ajudar. Disse que vai levar nossa situação ao governador", afirmou a indígena. "Só nos resta esperar".

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