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Sudeste concentra mais fauna ameaçada, diz IBGE

FSP, Ciência, p. A30
04 de Jun de 2007

Sudeste concentra mais fauna ameaçada, diz IBGE
Rio de Janeiro tem 39 dos 105 répteis, mamíferos e anfíbios em risco de extinção

Mapa apresentado ontem, baseado em lista vermelha do Ibama, vê crescimento de 36,4% em total de espécies em perigo nessas 3 classes

Ítalo Nogueira
Da sucursal do Rio

A região Sudeste concentra a maior parte das 105 espécies de mamíferos, répteis e anfíbios sob ameaça de extinção no país, de acordo com estudo divulgado ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas). No levantamento, o Rio aparece como principal habitat natural das espécies em risco: é lar de 39 delas.
Segundo o mapa, elaborado com base nos dados do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) divulgados em 2003, São Paulo é o segundo colocado no ranking, com 38 espécies em risco. O Acre é o que possui menos mamíferos, répteis e anfíbios sob ameaça: sete.
A única espécie extinta detectada no mapa foi a perereca de Paranapiacaba (SP). O animal, cujo nome científico é Phrynomedusa fimbriata, não figurava entre os ameaçados na lista de 1989 do Ibama.
A perereca é considerada uma espécie "endêmica" -só ocorre em um local. Segundo os autores da pesquisa, a maior preocupação é com essas espécies, que são difíceis de recuperar em cativeiro.
Três répteis específicos de ilhas de São Paulo estão criticamente em perigo de extinção -quando a população cai 90% em dez anos, ou quando a população é estimada em menos de 50 indivíduos adultos: as cobras dormideira-da-queimada-grande e a jararaca-ilhoa, endêmicas da ilha da Queimada Grande; e a jararaca-de-alcatrazes, da ilha de Alcatraz.
"A hipótese mais provável é que seja por causa da caça predatória", disse o coordenador de Recursos Naturais e Estatísticas Ambientais do IBGE, Celso José Monteiro Filho. "Não se tem notícia de suicídio coletivo de cobras", brincou.
O mapa divulgado em 2000, com base nos dados do Ibama de 1989, apresentava 77 espécies de mamíferos, répteis e anfíbios em extinção. Houve um crescimento de 36,4% de animais ameaçados destas classes.
Há também boas notícias: 27 espécies de mamíferos (oito delas macacos) saíram da lista de ameaçados. "Eles conseguiram se adaptar a outras áreas. Algumas espécies conseguiram se adaptar ao cativeiro", afirmou a técnica de Fauna e Flora do IBGE Licia Couto.
O mapa confirma a mata atlântica como bioma que mais sofre com a extinção de sua fauna, em razão do crescimento urbano", afirmou Couto. "Na região da Amazônia Legal há dificuldade de acesso e até mesmo desconhecimento total sobre a biodiversidade."

FSP, 02/06/2007, Ciência, p. A30

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