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Starlink se espalha na Amazônia

FSP - https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ronaldolemos/2023/08
Autor: LEMOS, Ronaldo
20 de Ago de 2023

Starlink se espalha na Amazônia
Chegada da conectividade por satélites de baixa órbita à região é fenômeno complexo

Ronaldo Lemos
São Paulo
20.ago.2023 às 8h00

Há um fator de mudança se espalhando pela região amazônica. Trata-se da chegada da conexão à internet com banda larga trazida por satélites de órbita baixa. A principal empresa em expansão na região é a Starlink, projeto de Elon Musk. Curiosamente, a imprensa brasileira (e internacional) tem destacado só o lado problemático dessa conexão, que é o fato de ela estar sendo utilizada nos garimpos ilegais.
No entanto, visitando a região (para gravar a 7ª temporada do "Expresso Futuro"), dá para ver que o impacto é muito mais amplo. A nova tecnologia está sendo utilizada em regiões remotas por comunidades e povos indígenas, inclusive por escolas. Iniciativas de comunicação local usadas por diversos povos originários estão migrando do rádio para internet, como me relatou Juliana Albuquerque, do povo baré, que atua na rede de comunicação Wayuri.
O uso chegou até os barcos. Por exemplo, para ir de Manaus a São Gabriel da Cachoeira, a rota de barco "expressa" dura cerca de 24 horas. O trajeto pode ser feito hoje em embarcações que oferecem conexão de alta velocidade aos passageiros via wi-fi, usando para isso o serviço da Starlink.
A conexão se expande tão rápido que as lideranças locais já começam a debater seu impacto cultural, especialmente com relação às crianças. Há líderes preocupados se as crianças poderão perder o contato com modos de vida local por causa disso. Esse debate é importante. As decisões sobre o que cada povo originário vai fazer com a chegada da internet podem trazer lições para todos nós.
Conectar a região amazônica à rede não é um objetivo recente. Muitos projetos vinham ocorrendo nesse sentido. A conexão por satélite já existe há algum tempo, através do projeto Gesac, mas com velocidades muito baixas. O exército também possui o projeto Amazônia Conectada, com 1.900 quilômetros de fibra óptica subfluvial conectando Manaus a nove municípios.

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