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SP tem novo alerta para incêndios: mapas e gráficos mostram alta de queimadas pelo Brasil

OESP - https://www.estadao.com.br/
31 de Ago de 2024

SP tem novo alerta para incêndios: mapas e gráficos mostram alta de queimadas pelo Brasil
Estado enfrenta novo risco de alastramento de focos, enquanto cidades ainda contabilizam prejuízos. Biomas como Amazônia e Pantanal também reforçam atenção

31/08/2024

O Estado de São Paulo passa por novo período de alerta para incêndios florestais, aponta a Defesa Civil neste fim de semana. Neste sábado, 31, há 5 municípios com focos ativos de incêndio, todos na região de Franca, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto.

As cidades paulistas ainda contabilizam os prejuízos decorrentes da última escalada de queimadas, como a de sexta-feira, 23, que bloqueou estradas e fez voos serem suspensos.

O tema preocupa não só as autoridades paulistas, mas também gestores, produtores e moradores de áreas como a Amazônia e o Pantanal, que voltaram a sofrer com a disseminação das chamas.

No caso das cidades paulistas, o risco de emergência de incêndio vem desde a quarta-feira, 28, em áreas como Andradina, Araçatuba, Barretos e Ribeirão Preto.
Neste sábado, 31, o número de municípios sob risco aumenta e passa também a Assis, Bauru, Campinas, Franca, Piracicaba e Presidente Prudente.
No domingo, 1o, esse quadro piora ainda mais e a Defesa Civil aponta que São José dos Campos e até a capital São Paulo estarão em alerta para ocorrências dessa natureza.

O governo federal e cientistas preveem que a temporada seca se estenderá até outubro, o que eleva o risco de fogo. São possíveis episódios similares - de fumaça e fuligem no céu mesmo em cidades e Estados que não enfrentam queimadas - até o começo do período de chuvas, no início da primavera, entre o fim de setembro e começo de outubro.

Os chamados rios voadores - canais de ventos intensos que transportam a umidade da Amazônia para o Sul e o Sudeste - também têm funcionado como espécies de rios secos, transportando fumaça das queimadas no Norte - e agravando a crise que já existia em vários pontos do Sudeste.

O número de focos de incêndio registrados em agosto no Estado de São Paulo é o maior para qualquer mês nas cidades paulistas desde 1998, quando os registros começaram a ser computados pelo Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Em 23 dias de agosto, houve registro de 3.175 ocorrências, o que é quase o dobro do que foi registrado ao longo dos 12 meses do ano passado no Estado (1.666).

Sobre os focos no Estado de São Paulo, investigações da Polícia Federal e da Polícia Civil estão em andamento. A principal hipótese perseguida pelas investigações da PF é que as queimadas tenham ocorrido por ação humana dolosa, ou seja, praticada por pessoas com intenção de incendiar a vegetação. O governo federal suspeita de ação coordenada, diante do grande número de focos simultâneos. Já o governo paulista não vê indícios de crimes orquestrados, diante dos perfis e da falta de ligação entre os presos até agora.

A PF utiliza imagens de satélite do programa Brasil Mais para identificar o local da ignição que originou os incêndios. Os investigadores têm analisado as imagens, captadas diariamente, de trás para frente para identificar o momento exato em que o fogo começou. A partir disso, a polícia consegue estabelecer um raio de atuação para realização de perícia e recolhimento de outros tipos de prova.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tem rejeitado a hipótese de ação orquestrada. Ele afirma que, por ora, não há elementos para indicar que as queimadas foram coordenadas e atribui a disseminação das chamas, principalmente, às condições climáticas adversas. A gestão diz prestar apoio aos produtores rurais afetados, como por meio de crédito emergencial.

Municípios decretam emergência
Reportagem do Estadão mostrou que a quantidade de municípios que decretaram situação de emergência em função do avanço das queimadas florestais saltou durante agosto no País. Foram 118 decretos dessa natureza desde o início do mês, 51 deles no Estado de São Paulo, que viu o fogo avançar com grande intensidade a partir do fim da semana passada. As ocorrências vêm se avolumando também na Amazônia e no Pantanal nos últimos meses.

O balanço foi feito pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) com base em dados do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR). Além de São Paulo, aparecem em destaque no levantamento os Estados do Mato Grosso (35 decretos), e Acre (22). Na noite desta terça-feira, 27, o Pará decretou emergência pela mesma razão.

"Nesse contexto, já são mais de 4,4 milhões de pessoas afetadas de janeiro até agosto, sendo que desse total, 4 milhões foram afetadas apenas em agosto", destaca a entidade."Os impactos ambientais são incalculáveis e se traduzem na perda da biodiversidade do País. Já os danos e prejuízos ainda estão sendo mensurados pelos gestores municipais, mas fato é que os incêndios florestais impactam diretamente o sistema municipal de saúde com sobrecarga de atendimentos, bem como prejudicam o abastecimento de água potável, suspensão de aulas e outros impactos."

Recorde na Amazônia: por que focos têm se espalhado mais?
A Amazônia está queimando mais neste ano, mesmo com o desmatamento em queda. Mais de 43 mil focos de fogo já foram detectados, pior índice desde 2007 no bioma para o período de 1o de janeiro a 20 de agosto. O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem sido cobrado para dar resposta mais efetiva de prevenção e combate às chamas. O Ministério do Meio Ambiente afirma ter no momento 1.489 brigadistas na região.

O número é quase o dobro do registrado nesse intervalo em 2023. Normalmente atrelado à perda de cobertura vegetal, o fogo tem se espalhado mais cedo e por áreas não desmatadas. Agrava a situação a seca iniciada em 2023, intensificada pelo fenômeno El Niño e pelas mudanças climáticas.

"É preocupante porque continua uma condição hídrica e climática em que a paisagem está muito inflamável. Qualquer início de queimada pode virar incêndio", disse ao Estadão a diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Ane Alencar. Ela lembra que o fogo natural é um evento raro na floresta devido à vegetação úmida.

De acordo com Ane, o fogo atinge agora principalmente o sul do Amazonas, a região da Transamazônica, o norte de Rondônia, o sudoeste do Pará, e a Terra do Meio.

Em nota, o governo federal informou atuar com 1.489 brigadistas do Ibama e ICMBio, órgão responsável por cuidar das unidades de conservação federal, no combate aos incêndios florestais na Amazônia. Também diz que 173 incêndios foram registrados no Norte desde 24 de julho até a semana passada - 98 foram extintos ou estão controlados.

O que orienta a Defesa Civil:
Não faça queimada para limpar terreno ou para destruir lixo, optando sempre pelo descarte no lugar indicado;
Não jogue cigarros ou fósforos acesos às margens de rodovias;
A soltura de balões, além de ser crime, pode provocar acidentes aéreos e incêndios;
Incêndios florestais podem causar interrupção no transporte público, na distribuição de energia elétrica e nas redes de comunicação;
Ao avistar fumaça suspeita ou fogo de incêndio em mata, informe imediatamente o Corpo de Bombeiros (193).

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