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Somem R$ 2,2 milhoes de ONG

A Critica, Brasil, p.A9
18 de Mar de 2004

POVOS INDÍGENAS
Somem R$ 2,2 milhões de ONG
PORTO VELHO (AE) –O cacique Almir Suruí, de 35 anos, confirmou ontem que a dívida Coordenação da União das 7ações e Povos Indígenas de Rondônia, Noroeste do Mato Grosso e sul do Amazonas (Cunpir) ultrapassa R$ 2,2 milhões. Ele está investigando há um mês o desaparecimento de dinheiro, que resultou no afastamento do ex-presidente da ONG, cacique Antenor Karitiana, de 43 anos. Como não houve prestação de contas, a fundação Nacional de Saúde Funasa) e a WWF (Fundo Mundial para a Natureza) suspenderam convênios com a Cunpir, que representa 42 nações indígenas e 10 mil índios. 0 convênio com a WWF tinha dez anos.
A ONG indígena deve a fornecedores de combustível, medicamentos e material de expediente aproximadamente R$ 2 milhões. Além disso, existe uma dívida trabalhista de R$ 200 mil e não há comprovante do gasto de R$ 64 mil repassados pela WWF. Mesmo assim, Almir Suruí afirma que colocará "a casa em ordem". Ele prefere não entrar em detalhes sobre as irregularidades e diz não ter a intenção de culpar ninguém. "A meta é fazer a coisa certa, evitando que novos problemas venham a ocorrer ou se repitam os erros anteriores".
VETO
Devido a problemas como 'o verificado em Rondônia, a Funasa decidiu que a partir de 1o de abril deixará de repassar dinheiro diretamente a ONGs que representam povos indígenas. 0 chefe da coordenação regional da Fundação em Rondônia, Josafá Marreiros, explicou que atrasos na prestação de contas comprometem a continuidade do programa de saúde nas aldeias. "Com a mudança, resgataremos nosso papel de execução dessa política e garantiremos z agilidade nos serviços. Continuaremos a trabalhar com as ONGs, mas de outra forma".
DEFESA
O cacique afastado Antenor Karitiana se defende, alegando ser honesto. Ele explica que o dinheiro recebido através de convênios não foi suficiente para cobrir todas as despesas porque o preço de medicamentos, combustível e prestação de serviços subiu, havendo acúmulo de despesas. "Não houve corrupção. Expliquei como o dinheiro foi gasto. Só não apresentei as notas fiscais".
Kantiana afirma que não precisa de dinheiro. "Tenho muitas terras e nelas há macacos para comer. Isso me basta". Ele circula com uma caminhonete S10 cabine dupla, placas NCM-2733. 0 cacique disse, ainda, que o problema existente em Rondônia é pequeno, se comparado ao que está acontecendo em ONGs administradas por índios nos Estados do Acre, Roraima, Tocantins e Pará.

A Crítica, 18/03/2004, p. A9

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