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Soja transgênica será liberada, diz ministro

OESP, Geral, p. A26
30 de Set de 2004

Soja transgênica será liberada, diz ministro
Roberto Rodrigues, da Agricultura, afirma que haverá marco legal para garantir o plantio

Fabíola Salvador

O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, informou ontem que o governo federal garantirá o plantio das sementes de soja transgênica na safra 2004/2005. Disse que um marco legal garantirá o plantio das variedades geneticamente modificadas, a exemplo do que ocorreu ano passado. Mas, por enquanto, ele acha que o governo deve resolver tudo no Congresso, onde tramita, já em fase final, o projeto de Lei de Biossegurança.
"O governo tem claro que é preciso haver uma referência legal. E haverá", afirmou o ministro, por meio de sua assessoria. "Uma coisa é certa: o governo já garantiu a legalidade no ano passado e garantirá a legalidade este ano." Em 2003, o governo editou duas medidas provisórias que permitiram a comercialização da soja transgênica das safras 2002/2003 e 2003/2004.
As pressões para edição de nova MP continuam. Onze associações ligadas ao agronegócio divulgaram ontem documento em que pedem ao governo que adote a medida. "O calendário agrícola não está subordinado às regras da burocracia", diz o texto.
No Rio Grande do Sul, os produtores já estão se preparando. "É questão de um a dois dias para começar o plantio", disse o presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Carlos Sperotto. O governo gaúcho, em nota, afirmou ter recebido a decisão do Planalto de não editar a MP "com surpresa e perplexidade".
Rodrigues, em relação à soja, afirmou que o principal objetivo do governo é transmitir aos produtores tranqüilidade para o plantio da atual safra. "O governo está atento e não permitirá que ninguém fique na ilegalidade, porque não há razão para isso. No ano passado, fizemos uma ação para impedir isso e não há nenhuma razão para que não façamos também este ano."
A equipe política do Planalto acredita ser possível aprovar no Senado, logo depois das eleições, antes de 10 de outubro, a Lei de Biossegurança. Como terá modificações em relação à proposta já aprovada pela Câmara, notadamente quanto a liberação de pesquisas com célula-tronco, o projeto terá de ser novamente apreciado pelos deputados.
Dessa forma, argumentou o ministro, seria "desnecessária" a edição de uma medida provisória. "Seguramente, tendo o governo a certeza de que se negociará bem o assunto dentro do Parlamento, não há necessidade de medida provisória. Se isto eventualmente não ocorrer no tempo hábil, naturalmente haverá uma rediscussão do assunto."
Documento - No documento divulgado ontem, intitulado É Tempo de Semear, as associações afirmam que reconhecem o esforço do Executivo e do Legislativo para solução do impasse em torno da Lei de Biossegurança, mas advertem que não haverá tempo hábil para uma solução pelo Congresso. As entidades cobram do governo a adoção de medidas que garantam "o tempo de semear", sem o que "não haverá o tempo de colher".
No texto, observam que, enquanto o mundo cultivará, este ano, mais de 70 milhões de hectares de plantas transgênicas, o Brasil está paralisado por cerca de sete anos. (Colaborou Sandra Hahn)

OESP, 30/09/2004, Geral, p. A26

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