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17 de Mar de 2010
Diferente do posicionamento do Conselho Indígena de Roraima (CIR), os índios ligados à Sociedade de Defesa dos Índios Unidos do Norte (Sodiur) são contrários a exoneração do coordenador regional da Fundação Nacional do Índio (Funai), Gonçalo Teixeira.
Em entrevista à Folha, o presidente da organização indígena, Silvio da Silva, e o tuxaua Miracélio Floriano Peixoto, da comunidade do Entroncamento, em Pacaraima, criticaram o posicionamento do CIR.
O tuxaua rebateu que o posicionamento de solicitar a exoneração de Gonçalo Teixeira seja a de todas as lideranças indígenas, conforme o que foi explicitado na Carta do Araçá, documento elaborado durante a 39ª Assembleia dos Povos Indígenas de Roraima, realizada de 6 a 10 de março na comunidade do Araçá, em Amajarí.
"A gente não concorda com isso. Ele [Dionito de Souza] fala em nome de todos enquanto não fomos todos nós [índios] que decidimos isso. Ele informou que teve 700 lideranças reunidas na assembleia, sendo que não existe em todo o Estado 500 comunidades indígenas. Está falando em nome de todos os indígenas, e eu, como membro e tuxaua da Sodiur, não aceito, a não ser que seja o presidente da organização falando em meu nome", destacou Miracélio Floriano.
Segundo os indígenas, a decisão descrita na carta produzida durante o encontro é "imatura" e não condiz com o desejo de todas as comunidades do Estado. Outra carta será produzida para ser enviada ao presidente da República, Lula da Silva, explicitando o posicionamento das lideranças contrárias.
"Algum tempo atrás eles tentaram essa mesma coisa para colocar no lugar uma pessoa que faz parte do CIR. Tudo o que eles já administraram não foi bom, como é o caso da saúde, e agora querem a Funai. Não concordamos com isso. Se preciso for, a gente entra na Justiça, mas nós não aceitamos. Este é um assunto que tem que ser tratado com todas as lideranças, tem que sentar com as organizações para decidir", disse o tuxaua.
O presidente da Sodiur lembrou do compromisso firmado entre as lideranças indígenas através de uma carta produzida logo após a desocupação da reserva Raposa Serra do Sol, onde ficou acertado que toda e qualquer decisão relacionada aos povos indígenas seria de competência de todas as lideranças e não apenas de uma.
"O nosso acordo foi que nós, organizações, sentássemos para conversar e resolver um problema nosso. Eles fizeram as reuniões e não convidaram a gente. Não está sendo respeitado o acordo. Esse tipo de ação é inaceitável. Para mim isso é uma baderna. Todas as organizações precisam ser respeitadas, para isso existem suas lideranças. Só uma associação quer se pôr na frente", comentou Silvio da Silva.
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