Agencia Cenarium - https://agenciacenarium.com.br
Autor: Ana Pastana
30 de Jan de 2025
MANAUS (AM) - O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou, nesta quinta-feira, 30, durante coletiva de imprensa no Palácio do Planalto, que o Brasil vai proporcionar "a melhor" Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30) da história, que será realizada em novembro, em Belém, capital do Pará. O evento climático é o maior do mundo e reúne líderes de Estados, especialistas ambientais e organizações ambientais.
A declaração ocorre em meio a um impasse entre povos indígenas e o Governo do Pará, comandado pelo aliado de Lula, o governador Helder Barbalho (MDB). Há 16 dias, indígenas de várias etnias ocupam a sede da Secretaria de Educação do Estado (Seduc-PA) e pedem a exoneração do atual secretário de Educação do Estado do Pará, Rossieli Soares, além da revogação da Lei 10.820/2024, aprovada por Barbalho em dezembro do ano passado, que ameaça a educação indígena paraense.
Leia também: Entenda por que indígenas ocuparam Secretaria de Educação do Pará
"Nós fizemos o mais importante G20 da história do G20 e vamos repetir a melhor COP já feita desde que foi estabelecida a primeira COP. Vamos fazer no coração da Amazônia, onde ninguém acreditava que fosse possível fazer, onde todo mundo dizia que não tinha infraestrutura, onde as pessoas ficavam preocupadas com onde vai dormir as pessoas. [...] Vamos fazer lá, na cidade de Belém, para que as pessoas saibam o que é a Amazônia, para que as pessoas vejam as pessoas que estão lá, para que as pessoas vejam a grandeza da natureza da Amazônia", afirmou Lula.
Lula também cita os povos originários da Amazônia como intermediadores das discussões que serão abordadas na COP30. Para o chefe de Estado, o governo espera da reunião climática "uma coisa muito verdadeira". "Lá [em Belém] vai ter os indígenas para discutir, lá vão estar os quilombolas para discutir, lá vão estar os chefes de Estados para discutir, lá vão estar os especialistas para discutir e nós queremos uma coisa muito verdadeira para saber se nós estamos falando sério sobre a questão do clima", declarou.
Manifestação indígena
Após a reunião nessa terça-feira, 28, sem acordo, entre uma comitiva de 40 indígenas com o governador do Pará para tratar da revogação da lei estadual 10.820/2024, que extingue o Sistema Modular de Ensino Indígena (Somei), integrante do Sistema Modular de Ensino (Some), lideranças indígenas afirmaram que "não vai ter COP" se não houver a revogação da lei.
"As falas dele [governador] estão no sentido de que ele nem quer falar sobre a revogação de lei, o negócio dele é educação indígena. Ele está com aquele discurso, ele é um homem frio, calculista, mas ele também é gente, ele perdeu a postura dele por um momento. Deixamos bem claro para ele, se não tiver revogação [da lei], não vai ter COP. Vai ter aeroporto parado, não vai ter ferrovia funcionando, a gente vai parar o Brasil", disse o comunicador do Conselho Indígena Tapajós e Arapiuns (Cita) Cristian Arapiun.
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, esteve na capital paraense, na sede da Seduc-PA, junto com o movimento indígena que ocupa o local, na última segunda-feira, 27, para ouvir e articular a reunião que aconteceu nessa terça-feira com o governador do Estado.
Após saírem da reunião com Helder Barbalho sem alcançar um acordo, lideranças indígenas declararam nessa quarta-feira, 29, que vão passar a cobrar a presença do presidente Lula no local.
Capital da COP30
O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, afirmou recentemente que a capital paraense "não é uma cidade projetada" e que "tem várias coisas que precisavam ser feitas". À CENARIUM, o Governo do Pará informou que investiu "R$ 5 bilhões para obras da COP30, sendo R$ 1,3 bilhão do tesouro do Estado, R$ 700 milhões de Itaipu Binacional e R$ 3 bilhões de financiamentos do BNDES", somando um total de R$ 10 bilhões em recursos para obras de infraestruturas para a COP30.
Ainda de acordo com o governo estadual, cerca de 30 obras estão sendo realizadas no âmbito de saneamento, mobilidade e desenvolvimento urbano. A CENARIUM questionou sobre o andamento das obras que, segundo as informações divulgadas pelo governo federal em novembro do ano passado, havia construções com menos de 30% concluídas. Em nota, o Governo do Pará informou a atualização de duas, das 30 obras.
"O Parque da Cidade, espaço que está sendo preparado para receber a COP 30, já está com mais de 70% das obras concluídas. Construído em uma área de 500 mil metros quadrados, o parque é uma das maiores intervenções urbanas realizadas em Belém nos últimos 100 anos. Com 65% das obras concluídas, os cinco galpões do Porto Futuro II estão sendo recuperados e vão ser transformados em um complexo de lazer e gastronomia, que será um novo ponto turístico da cidade", diz nota.
https://agenciacenarium.com.br/sob-protestos-de-indigenas-no-para-lula-…
As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.