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Sob pressão, múltis se tornam 'verdes'

OESP, Economia, p. B16
27 de Set de 2006

Sob pressão, múltis se tornam 'verdes'
Amy Skoczlas, da Conservation International, diz que há um movimento mundial de mudanças nas empresas

Andrea Vialli

A queima do bagaço de cana gera a energia que garante o funcionamento de um hipermercado da rede BomPreço, que pertence ao Wal-Mart, em Maceió, Alagoas. Outras duas lojas da rede no Nordeste também estão usando fontes de energia alternativa, como gás natural e eletricidade de pequenas centrais hidrelétricas. São iniciativas piloto da rede Wal-Mart, que, preocupada com sua imagem pública, quer adotar políticas voltadas a questões sociais e políticas.

O conceito de sustentabilidade - que promete aliar ganhos econômicos, ambientais e sociais - tem sido incorporado à estratégia de negócios das empresas. A partir de pressões do próprio mercado, grandes empresas estão reformulando suas práticas e até mesmo criando novas divisões de negócios.

'Pela primeira vez, há um movimento mundial nesse sentido, e um dos motivos que tem levado as empresas a se preocupar com a questão ambiental é o futuro de suas próprias operações', explica Amy Skoczlas, vice-presidente da Conservation International (CI), uma das principais ONGs ambientalistas do mundo.

'O grande desafio para as empresas, nas próximas décadas, será lidar com a questão das mudanças climáticas, e todos os esforços serão nesse sentido, como energias renováveis e emissão mínima de gases de efeito estufa.'

A consultora é especialista em parcerias com empresas. Já ajudou gigantes como Starbucks, McDonald's e Citigroup, e atualmente desenvolve um plano de ação para o Wal-Mart nessa linha. Amy também morou durante três anos no Brasil, onde trabalhou junto a empresas como Bunge, Aracruz Celulose e Veracel.

Segundo a consultora, ainda há empresas que ainda usam o discurso 'verde' desvinculado de práticas consistentes, mas o quadro está mudando.

'Há empresas que realmente estão obtendo progresso, criando diretrizes setoriais para guiar seus negócios', diz a consultora.

Ela cita como exemplos gigantes do petróleo como BP, Shell, Chevron e Texaco, que tem buscado explorar os recursos minerais com menor impacto ambiental.

A empreitada do Wal-Mart rumo à sustentabilidade deverá consumir pelo menos US$ 500 milhões. De acordo com Wilson Mello Neto, vice-presidente do Wal-Mart Brasil, a rede varejista traçou metas para diminuir o consumo de energia elétrica e a geração de resíduos, e quer também aumentar a presença de produtos 'sustentáveis' em suas gôndolas - como alimentos orgânicos.

Outra empresa que traçou um plano para incorporar a sustentabilidade à sua estratégia de negócios é a General Electric (GE). Em 2004, a empresa fez uma aposta em uma nova divisão de negócios, focada em tecnologias ambientais voltadas à indústria.

As receitas da divisão, batizada de Ecomagination ainda são pequenas em comparação ao resto do grupo - US$ 10 bilhões em 2005-, enquanto o faturamento global da GE é de US$ 150 bilhões. 'Para nós, trata-se de uma plataforma de negócios, com metas definidas', diz Marc Stoler, diretor da divisão Ecomagination da GE.

OESP, 27/09/2006, Economia, p. B16

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