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Só três índios para 513 vagas na capital

Jornal do Brasil-Rio de Janeiro-RJ
02 de Out de 2002

Doze concorrem a deputado e um a suplente de senador

Entre os 4.833 candidatos a deputado federal que disputam uma das 513 vagas na Câmara
dos Deputados existem apenas três índios. Brasília, no entanto, não é novidade para nenhum deles. O trio já trabalhou na Fundação Nacional do Índio (Funai) - mas não escondem a animação com a perspectiva de se mudarem para a capital na condição de parlamentares.
Candidato pelo PMDB, Amanuá Seus é cacique da tribo dos Kamayurá, no interior do MT.
Eleito vereador em 2000, ele cumpre mandato em um município próximo à sua aldeia. Ele
afirma que, se eleito deputado, lutará pelos interesses dos mais de 350 mil índios do Brasil.
Aos 38 anos, Amanuá é pai de 10 filhos e está no quinto casamento. Ele defende que a
população indígena tem que aprender a votar em alguém que a entenda.
Amanuá cultiva admiração muito por Juruna, o primeiro - e único - entre os índios brasileiros a chegar ao parlamento. Ele foi eleito deputado pelo PDT do Rio no início da década de 80. Ficou conhecido pelas suas desconfianças em relação ao homem branco. Andava pelos corredores do Congresso munido de um gravador para registrar as conversas que tinha com os seus interlocutores. Amanuá acredita que Juruna foi usado enquanto esteve na Câmara. Diz que vai evitar que o mesmo aconteça com ele.
Outro índio que ambiciona uma cadeira na Câmara é José Adalberto Silva, da etnia Macuxi.
Confiante na vitória, o candidato pelo PC do B de Roraima não se deixa abater nem pelas
ameaças de morte que diz estar sofrendo. Adalberto explica que a sociedade do Estado é
preconceituosa, razão pela qual o crescimento intelectual e profissional de um índio não seria bem visto. Apesar do índio não ser obrigado a votar, ele acredita no trabalho que fez junto aos mais de 27 mil índios de Roraima. Uma das pretensões dele é lutar contra o projeto do senador Romero Jucá (PSDB-RR) que permite a mineração nas reservas indígenas.
Outro índio que se submeterá ao julgamento das urnas é Evilásio Pereira da Silva, um Fulni-Ô candidato pelo PPS de Pernambuco.
Conhecida por defender os interesses indígenas, a senadora Marina Silva (PT-AC) escolheu um índio para concorrer na sua chapa como segundo suplente: Antônio Ferreira da Silva, da tribo dos Apurinã. Outros 12 índios concorrem a deputados em 9 estados.

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