VOLTAR

Situações parecidas, posturas diferentes

A Crítica-Manaus -AM
19 de Jan de 2005

Enquanto a Fundação Nacional do Índio (Funai) optou por endurecer contra os indígenas que ocupam a sede do órgão em Manaus, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) parece ter entendido a nanifestação dos gentios no fim do ano passado e está fazendo um outro percurso.

Daí porque o coordenador regional da Funasa no Amazonas, Sebastião Nunes, por meio da portaria n.o 001, acaba de criar o Núcleo de Acompanhamento e Assessoramento das Ações de Saúde Indígena (NUASI).

Ontem, ao fazer a divulgação desta medida, a assessoria da Funasa-AM não explicitou se era uma reação à ocupação da sede do órgão em Manaus, entre os dias 14 e 17 de dezembro do ano passado. Naquela ocasião, 80 índios reivindicaram não só o repasse de verbas destinadas à assistência médica - atrasadas havia mais de três meses - mas também uma maior atenção da Funasa aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs).

Se isto já estava previsto ou não, o fato é que o NUASI terá justamente a finalidade de garantir suporte técnico aos sete DSEIs existentes no Estado, visando apoiar, promover e supervisionar as ações relativas à saúde indígena, na perspectiva de quem quer universalizar e otimizar os serviços atualmente prestados nesta área. Por este aspecto, está de parabéns a atual administração regional da Funasa.

O mesmo não podemos dizer, infelizmente, das administrações regional e nacional da Funai, cuja sede em Manaus foi ocupada por indígenas no dia 3 deste mês e onde eles ainda permanecem agora, prometendo atear fogo ao imóvel. Tudo porque as suas duas reivindicações - agilidade na homologação de terras demarcadas em Autazes e exoneração do administrador regional Benedito Rangel - estão sendo tratadas com desprezo pela direção nacional da fundação criada para lhes dar atenção.

Ou será que há outra interpretação para o episódio encenado pelo vice-presidente do órgão, Roberto Lustosa, que, na semana passada, esteve em Manaus, mas, em vez de procurar um entendimento com os índios, ironizou as reivindicações deles, deixando-os ainda mais de pavio curto? A não ser que, diferentemente de Sebastião Nunes, ele realmente esteja querendo ver a Funai pegando fogo. Se for, parece que está prestes a conseguir.

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.