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Situação dos índios de MS é tensa, mas eles não vão se matar, diz Cimi

G1 - http://g1.globo.com/
Autor: Ricardo Campos Jr.
24 de Out de 2012

Carta de guarani-caiuá falava em morte coletiva e não suicídio, diz conselho.
Funai afirmou que vai recorrer da decisão de reintegração de posse.

A decisão da justiça que obriga a saída de um grupo guarani-caiuá de uma área de fazendas em Iguatemi, a 466 km de Campo Grande, trouxe tensão ao acampamento, mas não significa que os índios estejam pensando em se matar. A informação foi passada ao G1, nesta quarta-feira (24), pelo assessor jurídico do Conselho Missionário Indigenista (Cimi), Luiz Henrique Eloy, que, além de estar acompanhando o processo, esteve no local há uma semana.

"Quando eles souberam da decisão soltaram uma carta que não fala em suicídio coletivo, mas em morte coletiva, no sentido que os índios não vão sair do seu território de terras mesmo com ordem judicial, com polícia ou até mesmo pistoleiros. Eles querem demonstrar que não vão sair", afirma.

Conforme o advogado, os guarani-caiuá estão apreensivos e esperam ser surpreendidos a qualquer momento por pistoleiros, o que vêm acontecendo com frequência . "Eles são diariamente ameaçados", relata.

Nesta quarta, conforme dados do processo de reintegração de posse que corre na Justiça Federal, a Fundação Nacional do Índio recebeu a notificação sobre a ordem de reintegração de posse. Em caso de descumprimento, o órgão deverá pagar multa.

"houve uma política de colonização, concedendo as terras indígenas a particulares" - Luiz Eloy, advogado do Cimi

O G1 procurou a Funai para comentar a decisão e saber se eles vão entrar com recurso, mas a informação passada pelos coordenadores do órgão em Ponta Porã é que o caso está sendo analisado em Brasília. No dia 17 de outubro, quando a carta foi divulgada, a Funai informou que iria recorrer, mas aguardava o prazo para isso.

Entenda o conflito

Eloy explica que a situação dos índios é antiga. "Na década de 20, o estado brasileiro criou oito reservas indígenas em Mato Grosso do Sul. E aí saíram pegando os índios que estavam espalhados em várias partes do estado e colocando nesses locais. Ao mesmo tempo, houve uma política de colonização, concedendo as terras indígenas a particulares", afirma.

Segundo ele, o impasse ocorre porque os indígenas querem de volta os locais originais onde moravam. A briga existe porque os fazendeiros, legalmente, são donos dos locais e correm o risco de receberem indenizações baixas pelas áreas.

Disputa

Os indígenas ocuparam cerca de 5 mil m² da fazenda Cambará, segundo o proprietário Osmar Bonamigo. Ele explica que a propriedade tem ao todo 700 hectares. "Temos documentos e filmagens que já foram divulgados pela imprensa do dia da invasão. Havia dois ônibus cheios de índios", disse ao G1.

O proprietário diz que a decisão força a Funai a cumprir sua responsabilidade. "Nunca acreditei que se corrige uma injustiça começando outra injustiça. A questão da tutela dos índios é da Funai, que não vem fazendo o papel que deveria. Caso eu tenha que entregar mesmo a terra, que eu seja pelo menos indenizado", exclamou.

http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia/2012/10/situacao-dos-ind…

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