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Autor: Tiago Mendes
23 de Jan de 2012
O que a princípio seriam apenas "botijas" pode ser na verdade o maior cemitério indígena encontrado no Ceará. Em março, com o acompanhamento do Iphan, terão início as escavações arqueológicas
Está previsto para março o início das escavações no sítio arqueológico descoberto pelos moradores da Serra do Evaristo, em Baturité. Já foram identificadas pelo menos 15 urnas funerárias, provavelmente de grupos indígenas que habitaram a região, mas esse número pode ser bem maior.
As escavações serão feitas por empresa contratada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A superintendente do órgão no Ceará, Juçara Peixoto, explica que serão investidos R$ 260 mil em recursos do Governo Federal para os trabalhos de identificação do sítio e resgate dos objetos de valor arqueológico.
Ainda não é possível dimensionar o tamanho do sítio arqueológico, nem a qual etnia pertencia. Segundo Juçara, porém, em termos de sítio funerário, trata-se do mais representativo já encontrado no Estado. O arqueólogo Igor Pedroza, da equipe responsável pelas escavações, explica que as atividades de topografia, espécie de mapeamento do terreno, começam em fevereiro. No mês seguinte serão iniciadas as escavações, que devem durar dois meses e terão a participação de moradores.
Histórias de botijas
Na comunidade do Evaristo, as urnas de cerâmica encontradas pelos
moradores remetiam histórias de antigas "botijas" enterradas. O imaginário popular conta que os mais avarentos enterravam moedas nesses recipientes e, depois de mortos, apareciam em sonhos para revelar onde haviam enterrado o tesouro. "Em vez de dinheiro, as pessoas encontraram ossos e arcadas dentárias", detalha João Batista Assis, professor da rede pública de Baturité.
Ele conta que foram encontradas urnas de todos os tamanhos na comunidade e há moradores que usavam os recipientes para armazenar água. Batista defende a permanência do material na localidade. Segundo a superintendente do Iphan, deve ser construído memorial para abrigar os achados.
ENTENDA A NOTÍCIA
O Iphan contratou por meio de edital empresa especializada em serviços arqueológicos para os trabalhos na Serra do Evaristo. Escavações serão apenas primeira parte do processo, que deve envolver a construção de um memorial
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