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Sistema elétrico exige em dez anos US$ 60 bilhões

Estado de S. Paulo-SP
Autor: ALAOR BARBOSA e NICOLA PAMPLONA
21 de Mai de 2002

Será preciso acrescentar 3 mil MW por ano, segundo a Eletrobrás

O sistema elétrico brasileiro vai demandar investimentos superiores a US$ 60 bilhões nos próximos dez anos, conforme projeções do presidente da Eletrobrás, Altino Ventura Filho. Segundo ele, o País precisará adicionar a cada ano cerca de 3 mil megawatts (MW) de capacidade de geração de eletricidade, o que eleva o total para 30 mil MW nesse período, apenas para atender à demanda normal, com crescimento estimado de 4,9% ao ano.

Sem criticar abertamente a opção que o governo tem apresentado para a expansão da capacidade através de termoelétricas movidas a gás natural, Ventura foi enfático na defesa do sistema hidrelétrico. Na sua opinião, os rios brasileiros ainda são capazes de atender as necessidades nacionais pelos próximos 20 a 25 anos, com as outras fontes de energia tendo participações residuais.

Ventura defendeu que a própria Eletrobrás assuma a construção da usina de Belo Monte, na Amazônia, pois considera que o empreendimento talvez não atraia o interesse do setor privado. "São 11 mil MW de capacidade em região com grandes questões ecológicas a serem administradas, inclusive o reassentamento de índios", justificou. Ele disse que a empresa está buscando parcerias com a iniciativa privada.

A empresa pode participar de novos projetos através de investimentos financeiros, além de cuidar de questões típicas de governo, como a questão ambiental. Após o empreendimento entrar em operação, a Eletrobrás venderia a sua participação. "Não queremos competir com o setor privado, até porque o País está precisando muito de novos recursos a serem alocados ao setor", enfatizou, lembrando que as subsidiárias da Eletrobrás, como Furnas e Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), estão liberadas para investir em novos projetos.

O presidente do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que participou com Ventura e outros especialistas do 9.o Congresso Brasileiro de Energia, disse que a energia deve ser tratada como serviço público, e não como commodity. "O governo tem a obrigação de garantir o fornecimento de energia", disse. Segundo ele, a área de transmissão também necessita de investimentos. Há um gargalo nas linhas de transmissão, que dificulta a operação do sistema. "A usina de Tucuruí, no Norte, está vertendo água porque não há como trazer a energia para os centros de consumo", explicou.

Furnas - A desverticalização de Furnas, proposta pelo governo federal, foi tema recorrente de críticas durante o evento. De acordo com o professor Maurício Tolmasquim, presidente da Sociedade Brasileira de Planejamento Energético (SBPE), a separação das atividades de geração e transmissão da estatal poderá provocar um aumento nas tarifas de transmissão de energia.

As atividades de transmissão de Furnas têm rentabilidade de apenas 1,4% e não seriam suficientes para manter uma empresa operando, disse. "A manutenção da empresa operando de forma integrada evita um novo aumento de tarifas", afirmou Tolmasquim.

Segundo ele, a atividade de geração garante a Furnas uma rentabilidade de 16%.

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