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Sistema de detecção é limitado, afirma técnico

OESP, Vida, p. A16
31 de Jan de 2008

Sistema de detecção é limitado, afirma técnico

Herton Escobar

O que o diretor Inpe descreveu como um 'erro de software' no sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter) foi descrito como uma limitação intrínseca do sistema pelo diretor da Fundação de Ciência, Aplicações e Tecnologia Espaciais (Funcate), responsável pelo processamento das imagens de satélite usadas no monitoramento da Amazônia.

'Entendo que o sistema funcionou normalmente', disse o gerente de Geoprocessamento da Funcate, Ubirajara Moura de Freitas. 'Não vejo (o que aconteceu) como uma falha, mas como uma limitação metodológica.'

Na semana passada, o diretor do Inpe, Gilberto Câmara, reconheceu em entrevista ao Estado que os dados do Deter originalmente divulgados para os meses de junho a setembro estavam errados. Ele atribuiu o erro a uma falha do sistema que analisa as imagens de satélite e identifica as áreas desmatadas. Os números teriam sido superestimados em função de uma dupla contagem de áreas desmatadas, que já haviam sido detectadas pelo Prodes, mas foram novamente computadas pelo Deter.

O Prodes é o sistema de melhor resolução, usado para calcular as estatísticas anuais de desmatamento, enquanto o Deter, que só 'enxerga' desmatamentos maiores do que 25 hectares, foi projetado como um sistema de alerta, para orientar os trabalhos de fiscalização no campo - porém, com baixa resolução. O problema é que os relatórios do Prodes só ficam prontos em dezembro - o que, segundo Freitas, impede que as áreas detectadas pelo sistema sejam excluídas do Deter antes disso.

'Antes de dezembro não há como comparar (os dois sistemas)', disse Freitas. 'Tentar qualquer estimativa de área antes disso é muito arriscado. '

Apesar de ter sido projetado como uma ferramenta de fiscalização, o Deter tem sido usado também como base para projeções de área desmatada. O Inpe estima que o desmatamento real, incluindo as áreas menores do que 25 hectares, seja de 40% a 60% maior do que o detectado de fato pelo Deter. Segundo especialistas ouvidos pelo Estado, o erro poderia estar aí: tentar tirar conclusões que o sistema não está capacitado a fornecer.

A Funcate, localizada em São José dos Campos (SP), próximo ao Inpe, é responsável pelo processamento das imagens da Amazônia desde 1994, mediante contratos com o Ministério da Ciência e Tecnologia. Segundo Freitas, a responsabilidade da fundação é produzir os dados preprocessados, que depois são verificados e confirmados (ou modificados) pelo Inpe.

Com base no Deter, o Inpe envia a cada 15 dias um relatório ao Ibama, que utiliza as informações para orientar suas equipes de fiscalização até áreas onde o desmate está ocorrendo.

OESP, 31/01/2008, Vida, p. A16

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