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Sínodo no Vaticano debaterá problemas da região amazônica

O Globo, Sociedade, p. 30
14 de Set de 2019

Sínodo no Vaticano debaterá problemas da região amazônica
Além do desmatamento, comunidades enfrentam rios contaminados, falsos pastores, garimpos, criminosos e a perda de identidade cultural

Renato Grandelle*
14/09/2019 - 04:30 / Atualizado em 14/09/2019 - 08:25

PUERTO MALDONADO, PERU - Daqui a três semanas, o Papa Francisco abrirá as portas do Vaticano para receber bispos do mundo inteiro. A pauta do sínodo - como é conhecido o encontro, que se prolongará durante todo o mês de outubro - é a Amazônia, que, devido à sequência de desmatamentos e queimadas, tornou-se onipresente no noticiário mundial recente.

Distribuída por nove países, a floresta é a casa de 34 milhões de pessoas, das quais 3 milhões de indígenas, de 390 grupos étnicos. O atentado à sua subsistência é uma das principais preocupações da Santa Sé . Outra é a presença dos religiosos na região.

Secretário especial do sínodo, o monsenhor peruano David Martínez ressalta que "não queremos ser uma Igreja de visita". Por isso, em um documento preparatório, a assembleia sugere dar "um rosto amazônico" à catequese , capacitando os indígenas a catequizarem dentro de suas comunidades. Desta forma, superariam a dificuldade de acesso dos sacerdotes.

- Os bispos mostraram que havia uma certa debilidade em manter-se constantemente em um local - explica Martínez. - Queremos que essas populações indígenas assumam papel de artífices da Igreja. Que não são sejam apenas receptores da mensagem, mas também mensageiros.

Entenda por que a Amazônia mobiliza o mundo

Morador de Cobija, na Bolívia, o padre Juan Elias, de 42 anos, conseguia ir, em média, duas vezes por ano à comunidade Tacana, localizada no país, próximo à fronteira com Peru e Rondônia. Elias diz que os moradores o chamam para visitar doentes e fazer a primeira eucaristia das crianças. Neste ano, ele intensificou as visitas aos tacanas -foram seis até agora- e já conta com reforços em sua paróquia.

- Agora, temos mais dois párocos, que também visitam comunidades - revela. - O sínodo aumentará a presença da Igreja ante os indígenas. Estamos perdendo fieis. Em Tacana, dez anos atrás, 80% da população era católica. Hoje, é metade. Muitos tornaram-se protestantes, e já apareceram malandros que se apresentam como pastores evangélicos, tiram dinheiro da população e vão embora.

Segundo o documento que será levado ao sínodo, as comunidades amazônicas são "povos das águas", que dependem da "inundação, refluxo e período de seca". Este processo, porém, está comprometido por práticas como a intensificação do desmatamento e a contaminação de rios por causa da exploração petrolífera e mineral, entre outros fatores.

O Globo, 14/09/2019, Sociedade, p. 30

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