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Sinal claro de compromisso com os povos indígenas é homologar Raposa Serra do Sol", afirma Dom Tomás Balduíno

CIR-Boa Vista-RR
Autor: André Vasconcelos
17 de Abr de 2004

Dom Tomás Balduíno, presidente da Comissão Pastoral da Terra (CPT), disse que o "sinal mais claro de compromisso do presidente Lula com os povos indígenas é homologar a terra Raposa Serra do Sol", em Roraima. Ele manifestou, na tarde de sexta-feira, 16/4, a solidariedade da igreja Católica e dos trabalhadores rurais ao acampamento "Terra Livre", erguido na Esplanada dos Ministérios por lideranças indígenas de 18 povos do Brasil.

Os acampados receberam o bispo com cantos tradicionais, fizeram um breve relato do desrespeito ao direito à terra e perguntaram a opinião dele sobre os motivos do presidente da República não demarcar as terras indígenas nem fazer a reforma agrária. "Acho que são as pressões, até que me provem o contrário, não é da trajetória do Lula estar do lado do latifúndio", comentou.

Balduíno disse que o Brasil "vive a ditadura da terra" e que os índios e o MST querem a "a democracia da terra" para se libertarem da "prisão social" imposta pelos grandes proprietários. Também chamou de hipócrita o argumento de que as demarcações ameaçam a soberania nacional. "Primeiro relegarão os índios à fronteira, agora querem tomar as fronteiras. Soberania é o povo com os direitos garantidos", destacou.

Para o missionário, Raposa Serra do Sol é "o ponto de referencia, um caso paradigmático e emblemático" que vai determinar o "modelo de política indigenista do atual governo". Ele classificou de escárnio todo o racismo, preconceito e discriminação praticados contra os índios. "Ser povo é um direito fundamental", exemplificou.

Questionado se os índios agem corretamente ao erguer o acampamento para pressionar o governo, Dom Tomás, disse que "ninguém consegue terra indígena neste país dando tapinha nas costas dos latifundiários, dizendo 'oh, querido amigo tenha bondade de sair da terra, que não é sua'. Só a pressão social é que dá resultado".

Estão acampados na esplanada dos ministérios lideranças dos estados de São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Amazonas, Roraima, Tocantins, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Bahia, somando cerca de uma centena de pessoas.

O acampamento "Terra Livre" começou a ser erguido na Esplanada dos Ministérios - a cerca de 250 metros do Palácio do Planalto - às 5 horas da manhã do dia 15 de abril. As lideranças querem ser ouvidas pelo Presidente Lula da Silva, ministros Márcio Thomaz Bastos (Justiça) e Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência). Na manhã deste sábado, 17, tiveram audiência (no acampamento) com o presidente da Funai, Mércio Gomes.

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