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Siã Kaxinawá quer criar partido indígena no Acre

Página 20-Rio Branco-AC
Autor: Juracy Xangai
25 de Jan de 2004

Para preservar a língua, cultura e costumes que dão identidade ao povo Kaxinawá, suas lideranças decidiram que a melhor maneira é conquistando sua auto suficiência econômica e financeira. Para isso qualificaram membros da tribo, selecionaram produtos e abriram mercados para sua produção, estão criando uma nova organização e até um partido político a fim de defender os interesses de sua gente.

"Há mais de dez anos a gente vem buscando melhorar a qualidade e garantir produtividade para conseguir oferecer garantia de que nossos produtos são naturais a fim de entrar num mercado mais especializado. Nesse sentido, temos dado preferência às parcerias com ONG´s ou empresas", explica Siã Kaxinawá que é liderança da comunidade do Jordão e assessor da reserva extrativista do alto Tarauacá para a busca de mercados a que se destinarão seus produtos.

Algumas parcerias já estão consolidadas como a da empresa Tree Tap que trabalha com couro vegetal e empresas que compram produtos como óleo de copaíba, andiroba e outras essências florestais. Também mantêm lojas como Kupixawa, no centro de Rio Branco, nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Distrito Federal e Rio de Janeiro.

"Oferecemos a quem desejar o nosso mixipan (daime), o campum (veneno de um tipo de sapo amazônico), óleos de copaíba, andiroba e incensos de flores que são muito agradáveis. Temos também diversos tipos de alimentos, frutas e outros produtos da mata."

Dizimação e renascimento

A região do Jordão, onde está a aldeia de Siã Kaxinawá, teve sua população quase extinta na primeira metade do século passado durante as correrias, quando o seringalistas pagavam pistoleiros para fazerem a matança de aldeias inteiras a fim de abrir as colocações para os seus seringueiros.

O bisavô de Siã era Felizardo Cerqueira, líder de uma comunidade que para não ser morta uniu-se aos seringalistas para se dedicar ao corte da borracha por mais de 50 anos. "Durante esse período, pelo menos 70% de nossa cultura foi morrendo, mas a partir da década de 70 nossa gente começou a retomar sua identidade e modo de viver. Hoje posso dizer, agradecido, que pelos menos 60% de nossa cultura está recuperada, mas queremos chegar aos 100%", orgulha-se Siã.

Além de reconstruir a cultura em sua comunidade, Siã sonha com o dia em que isso também acontecerá nas comunidades Huni Kuin do Envira, Caucho e outras que perderam o contato entre si.

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