VOLTAR

Shell diz que há áreas já descontaminadas

O Globo, Economia, p. 20
26 de Mar de 2012

Shell diz que há áreas já descontaminadas
Empresa: 'contaminação ambiental não implica necessariamente prejuízo à saúde das pessoas
Empresa: "contaminação ambiental não implica necessariamente prejuízo à saúde das pessoas"

SÃO PAULO. O diretor de Assuntos Externos para a América Latina da Shell do Brasil, Fabio Cavalcante Caldas, divulgou nota contestando pontos de reportagem sobre contaminação e morte de ex-funcionários de sua antiga fábrica de agrotóxicos em Paulínia, no interior de São Paulo, publicada na edição de ontem do GLOBO. Segundo o diretor da empresa, a contaminação da área, localizada no bairro Recanto dos Pássaros, está em processo de estabilização, "inclusive com laudos de áreas já descontaminadas".
Sobre a saúde de ex-empregados e ex-moradores vizinhos à fábrica de Paulínia, a empresa afirma que "contratou profissionais especializados e clínicas de renome para desenvolver estudos para pesquisar e ir a fundo no assunto".
Ao contrário do que afirmam vários laudos anexados ao processo do Ministério Público estadual e do Ministério Público do Trabalho (MPT), a empresa afirma que a "existência de contaminação ambiental não implica, necessariamente, exposição e prejuízo à saúde das pessoas".
Empresa diz que avaliação não apontou intoxicação
A nota divulgada pela companhia ontem salienta ainda que "com base em um grande número de informações técnicas de que dispõem não é possível afirmar que as alegadas queixas de saúde de ex-moradores e ex-empregados resultaram do fato de elas terem trabalhado ou morado próximo às antigas instalações da Shell em Paulínia".
Com relação aos "supostos" casos de doenças graves e mortes citados na reportagem, "a Shell e seus consultores não conhecem qualquer estudo científico que sustente a afirmação de que teriam sido causados pelo fato dessas pessoas terem trabalhado ou morado no local".
A nota aponta ainda que os funcionários da empresa foram avaliados por clínicas especializadas em saúde do trabalhador e toxicologia ocupacional num amplo programa envolvendo 260 trabalhadores. "Nesse programa de avaliação não foi localizado um único caso de intoxicação", diz o documento.
Companhia assinou ajustamento de conduta
Na época em que a Shell vendeu a fábrica para a Cyanamid, em 1992, foi feito um levantamento sobre o passivo ambiental e constatada a contaminação do solo e das águas subterrâneas por produtos denominados de aldrin, endrin e dieldrin, substâncias altamente cancerigenas. Em 2000, a unidade industrial foi transferida para a Basf.
A auditoria resultou em uma auto-denúncia da empresa, em 1995, e em um termo de ajustamento de conduta assinado com a Curadoria do Meio Ambiente de Paulínia. No documento, a Shell reconheceu a contaminação. Depois da constatação da contaminação do solo e da água, a empresa foi obrigada a adquirir todas as plantações de legumes e verduras das chácaras do entorno e a fornecer água potável às residências.

O Globo, 26/03/2012, Economia, p. 20

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.