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Sesai confirma primeiro caso de coronavírus em indígena brasileiro

Amazonia Real - https://amazoniareal.com.br
Autor: Elaíze Farias
01 de Abr de 2020

O teste positivo foi realizado em uma jovem de 20 anos do povo Kokama, que trabalhou com o médico Matheus Feitosa, que está com Covid-19.

Na aldeia Lago Grande, que estava sendo monitorada, os exames deram negativo nos indígenas Tikuna

Na fotografia a equipe do Dsei chega no porto da aldeia Lago Grande (Foto: Secretaria Municipal de Saúde de Santo Antônio do Içá)

Manaus (AM) - A Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde, confirmou nesta quarta-feira (1o. de abril), que notificou o primeiro caso de indígena com o novo coronavírus no país. O exame realizado em uma mulher da etnia Kokama, de 20 anos, testou positivo para Covid-19 em análise feita pelo Laboratório Central de Saúde (Lacen) da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas.

A paciente, que diz que tem sintomas da doença (tosse seca) e está no isolamento, é Agente Indígena de Saúde (AIS). Ela pertence a aldeia São José, que fica no município de Santo Antônio do Içá (a 878 quilômetros de Manaus). A jovem é uma das 27 pessoas que estavam sendo monitoradas, pois tiveram contato com o médico Matheus Feitosa, que foi diagnosticado com a doença.

Do grupo de pessoas monitoradas, 12 são indígenas Tikuna da aldeia Lago Grande. Eles foram atendidos pelo médico no dia 19 de março. Segundo a Sesai, os testes deles deram negativo para o novo coronavírus. Mesmo assim, os indígenas continuam no isolamento e sendo assistidos pela Equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena do Dsei Alto Solimões.

À agência Amazônia Real, o coordenador do Distrito Especial de Saúde Indígena (Dsei) Alto Solimões, Weydson Pereira, disse que sete parentes da jovem Kokama também estão em isolamento. Eles já passaram por exames médico e o distrito aguarda os resultados dos testes pelo laboratório Lacen, que fica em Manaus.

Jovem relata sintomas do coronavírus

No início da noite desta terça-feira (31), a jovem Kokama enviou uma mensagem de texto em suas redes sociais, informando o resultado do exame para Covid-19. Ela, que se identificou, mas a reportagem preservará seu nome, deu o seguinte depoimento:

"A partir das 6 horas da noite de hoje, 31 de março, recebi o resultado do meu exame. Como inesperado, deu positivo para Covid-19. No dia 18 estive em contato com um colega que estava com a Covid; 3 dias depois apresentei uma tosse seca e perdi o olfato e o paladar. Desde então, me afastei no dia 25 de março do meu trabalho por ter contato com um positivo. Desde la estou em casa. Gostaria de pedir desculpas as pessoas k (sic) tive contato. Agora estou bem, com 14 dias me recuperando. Agradeço as pessoas que estão preocupadas comigo", diz trecho da mensagem.

O povo Kokama habita a região do Alto Solimões e tem sua população estimada em 14 mil pessoas, segundo dados da Sesai. A etnia tem seu território tradicional na região de fronteira, e também habita o território da Colômbia e Peru.

Tikuna estão aliviados com teste negativo

O resultado negativo para os casos suspeitos em 12 indígenas Tikuna da Aldeia Lago Grande, também localizada em Santo Antônio do Içá, tranquilizou os mais de 800 moradores da comunidade.

"Boa noite, estou muito alegre. Saiu o resultado hoje. Deu tudo negativo. Deus é nosso refúgio para tudo, só ter fé", disse o conselheiro de saúde e liderança da Aldeia Lago Grande, José Francisco Pinto dos Santos, em mensagem via WhatsApp enviada para a reportagem da Amazônia Real na noite desta terça-feira (31).

Apesar do alívio, os Tikuna decidiram fechar o acesso à aldeia, que pode ser tanto via terrestre quando via fluvial. "Vamos fechar tudo agora. Vamos fechar o acesso aqui, ninguém entra aqui e ninguém sai. Por isso, vou na Polícia Federal pedir reforço. Vou cuidar do meu povo. Para nós agora, tem que ficar só aqui dentro da aldeia, parenta", afirmou Santos à reportagem.

Segundo o Tikuna, no período em isolamento, os moradores de Lago Grande não abandonaram sua rotina. "Estávamos preocupados, mas continuamos nas nossas plantações, fazendo nossa pesca", disse ele.

A Sesai, do Ministério da Saúde, é responsável por coordenar, supervisionar, monitorar e avaliar a implementação da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas, observados os princípios e as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS). A secretaria atende a uma população de 800 mil indígenas em de 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dsei).

Na Amazônia Legal, 25 Dsei's atendem a uma população de 433.363 pessoas. Segundo a Sesai, estão sendo monitorados casos suspeitos entre os indígenas nos estados de Alagoas (1), Sergipe (1), Maranhão (1), Bahia (7), Ceará (2), Litoral Sul (3) e Interior do Sul (5).

O que é a pandemia de coronavírus?

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o novo coronavírus, o SARS-CoV-2, faz parte de uma família de vírus que causa infecções respiratórias e foi identificado em 31/12/19, após casos registrados na China. Ele provoca a doença Covid-19.

A contaminação pela Covid-19 se espalha de maneira semelhante à gripe, pelo ar após a tosse, coriza e a liberação de gotículas de quem está infectado.

Os sintomas são: febre, tosse, coriza e dificuldade para respirar. Procurar uma unidade de saúde é a primeira atitude a tomar neste caso.

O quadro da pessoa infectada com o coronavírus pode se agravar para uma pneumonia, o que exige a internação do paciente.

Pessoas com mais de 50 anos de idade estão mais vulneráveis, principalmente os idosos.

Quem está com o sistema imunológico debilitado e possui doenças crônicas, como as cardiovasculares, diabetes ou infecções pulmonares também pode adoecer gravemente.

Medidas como fazer uma quarentena voluntária em casa tem sido a melhor forma de combater a disseminação da doença no mundo. (Colaborou Kátia Brasil)

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