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Serra do Navio

OESP, Especial, p. X6
29 de Jan de 2010

Serra do Navio

Amapá

Nos municípios de Serra do Navio, Santana e Macapá, no Amapá, tudo o que restou dos quase 50 anos de exploração de manganês pela Indústria e Comércio de Minérios S. A. (Icomi) foram grandes crateras abandonadas. Em Serra do Navio, o município mais atingido, algumas crateras foram transformadas em lago com água de lençóis freáticos (foto acima), que o governo cogitou transformar em local turístico. Entre 1947 e 1997, a Icomi esgotou toda a reserva de manganês de alto teor e abandonou a área.

Além das crateras, o que restou foi uma ameaça - grave e invisível - à saúde dos moradores. Isso porque o processamento do manganês libera arsênio, um elemento cancerígeno que é transmitido pelo ar e pela água.

Um exame feito pela Universidade do Pará com amostras de fios de cabelo de 100 residentes mostrou que 98 pessoas tinham taxas de arsênio no sangue acima do permitido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Moradores da Serra do Navio apresentam desde dores de cabeça até casos de leucemia e anencefalia (nascimento de bebês sem cérebro) - problema que, segundo a OMS, aparece em uma criança a cada 100 mil. Já foram registrados 15 casos entre as 10 mil pessoas que residem na região.

Em maio de 2009, o Ministério Público Estadual do Amapá moveu uma ação contra a Icomi, pedindo que fosse feito um plano de recuperação das áreas degradadas e a indenização dos moradores que tiveram problemas de saúde. Segundo a promotora do Meio Ambiente do MP Ivana Cei, a Icomi precisa ser responsabilizada e terminar o projeto que iniciou.

"Foi realizada uma audiência pública, mas as empresas passaram todo o tempo discutindo a posse dos materiais e máquinas deixados no local", explica Ivana, em referência às outras companhias que voltaram à região para explorar o manganês de baixo teor restante no local.

OESP, 29/01/2010, Especial, p. X6

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