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Seremos firmes contra "reacionários", diz Lula

FSP, Brasil, p. A6
22 de Fev de 2005

Seremos firmes contra "reacionários", diz Lula
Presidente afirmou que ações de preservação ambiental e de reforma agrária desagradam aos "conservadores" no Pará

Da Sucursal de Brasília

Em sua primeira declaração pública em relação à onda de assassinatos no Pará e ao conseqüente envio de tropas do Exército para a região, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o governo será "firme" e "manterá o controle" diante dos "reacionários" e "conservadores" madeireiros.
Segundo o presidente, os registros de violência no Pará na última semana são um reflexo das ações de preservação ambiental e de reforma agrária realizadas pelo governo nos últimos dois anos.
"Então, essas coisas [ações do governo] têm incomodado alguns reacionários, alguns conservadores na área madeireira, porque os bons madeireiros estão trabalhando de acordo com o governo (...) Nós não vamos arredar o pé. Vamos ser firmes, vamos manter o controle", disse o presidente, na edição de ontem de seu programa quinzenal de rádio, "Café com o Presidente".
Ao tratar da questão ambiental, Lula lembrou o pacote federal lançado na semana passada (publicado na última sexta-feira e ontem no "Diário Oficial" da União), como a criação de cinco áreas de preservação na região amazônica (sendo duas no Pará) e a interdição de 8 milhões de hectares às margens da rodovia BR-163 (Cuiabá-Santarém). "Atingimos a maioridade na política ambiental, atingimos a maioridade no controle da nossa Amazônia e no controle das nossas florestas."
Sobre reforma agrária, falou do aumento do volume de recursos destinados ao Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar). Ignorou, porém, os recordes de invasão e morte e o fato de não ter cumprido nenhuma meta de assentamento desde que assumiu o governo, em janeiro de 2003.
Neste mês, ao menos quatro pessoas foram assassinadas no Pará em conflitos fundiários, entre elas a freira Dorothy Stang, morta a tiros em Anapu.
Desde então, o governo enviou 2.000 homens do Exército para a região e anunciou reforço de estrutura para a Polícia Federal e autarquias como Ibama e Incra. Nesta semana, a Secretaria Especial de Direitos Humanos promete oferecer proteção policial a 65 pessoas de sete municípios da região de Anapu que estão sob ameaça de morte -entre vítimas, testemunhas e defensores dos direitos humanos.
"Eu acho que é abominável que as pessoas ainda achem que um revólver 38 seja a solução para um conflito, por mais grave que ele seja (...) Nós não descansaremos enquanto não prendermos os assassinos (...) E esses, que se precipitaram e mataram pessoas, terão que ser punidos", disse Lula. (EDUARDO SCOLESE e JULIA DUAILIBI)

FSP, 22/02/2005, Brasil, p. A6

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