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Sepultamento de índio reacende polêmica

Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
Autor: MARILENA FREITAS
08 de Abr de 2003

O assassinato do índio Aldo da Silva Mota, ocorrido no início de janeiro, ainda poderá resultar em conflitos mais graves. O sepultamento do indígena reacendeu as discussões sobre demarcação e revoltou as comunidades onde mora a família de Aldo.

A indignação começou com a chegada da mini urna com os restos mortais do índio, na sexta-feira passada. Revoltada, a família saiu da Funai (Fundação Nacional do Índio) e foi até o Ministério Público Federal (MPF) mostrar ao procurador Rômulo Conrado a caixa pequena que trazia o índio.

Logo após o sepultamento, no final de semana, feito de acordo com as tradições indígenas, as lideranças daquela região se reuniram e decidiram pedir uma reunião com o procurador Rômulo Conrado e a Polícia Federal.

Eles querem pedir agilidade no inquérito policial por parte da Polícia Federal e que os culpados sejam denunciados pelo MPF e punidos perante a Justiça. O coordenador do CIR (Conselho Indígena de Roraima), Jacir de Souza, diz estar triste com o assassinato, mas com o desrespeito, uma vez que a aquela terra já é demarcada, segundo ele.

"Quem não é índio e mora lá sabe que está ilegal. Estamos também sentidos porque as autoridades não resolvem o problema, pelo contrário, fizeram esconder. Para mim, o dono da fazenda é o responsável pelo assassinato de Aldo", disse.

A advogada do CIR, Joênia Batista, explicou que o MPF está esperando a juntada de novos documentos para entrar com uma ação de reparação pela morte em favor da família. Conforme detalhou, a ação penal denunciando e pedindo a punição dos culpados só poderá ser protocolado após a conclusão do inquérito.

FAMÍLIA - O índio Aldo Mota deixou a mulher com nove filhos, sendo seis menores de 18 anos. Uma das filhas mais velha, Marlene da Silva Mota, 21 anos, contou que no sepultamento havia cerca de 100 pessoas e que todos estavam indignados com o assassinato e a demora das investigados.

"Antes do papai ser enterrado, pegamos os ossos e colocamos num caixão maior", disse. A família não se cansa de repetir o início da história que tocaiou Aldo Mota, além disso, eles não têm dúvida quanto aos culpados.

"Eles dizem que ele morreu de morte natural, mas como ele poderia se enterrar?", questionou Marlene, ao dizer que a cela do cavalo de Aldo ainda não foi encontrada.
Segundo Marlene, ela e os irmãos continuam sendo ameaçados de morte. "Eles dizem que vão encher a nossa boca de bala. A viúva Irene Silva afirma que só tem um desejo: "Quero que prendam os assassinos do meu marido", disse.

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