Brasil Norte-Boa Vista-RR
26 de Mai de 2004
Depois de serem expulsos do PT, quatro parlamentares federais encamparam o 'Movimento de Esquerda Socialista e Democrática', visando a construção de um novo partido. Dois deles, a senadora Heloísa Helena e o deputado Babá, participaram ontem de reuniões em Roraima. Opinaram, entre outros assuntos, sobre a homologação da reserva indígena Raposa/Serra do Sol. Ambos defendem demarcação em terras contínuas.
Repetindo o que tem dito em outros estados, Heloísa Helena deixou claro que a idéia é reunir lideranças políticas, sindicais, estudantis e de movimentos sociais num 'partido de esquerda que não se venda, resgatando bandeiras históricas do PT, abandonadas com a chegada da legenda ao Planalto'. Citou, por exemplo, a suspensão do pagamento da dívida externa e do acordo com o FMI, além da efetivação da reforma agrária.
Heloísa Helena procurou distanciar seu desejo pelo surgimento do partido da situação de intriga vivida com o PT. No entanto, a receptividade envolveu - em sua maioria - dissidentes petistas em Roraima. Destacam-se João Luciano Rosa e Robert Dagon. Ela também se mostrou preocupada em dizer que a filosofia da nova agremiação não privilegia caciques políticos, reconhecendo que uns são mais conhecidos do que outros.
Desenvolvimento
Otimista com o surgimento do partido, Babá avaliou ser necessário adotar políticas mais claras na política brasileira para que não se consiga cometendo erros do passado. O desenvolvimento econômico da Amazônia, segundo o ex-petista, está equivocado. "Não se pode continuar devastando para os projetos agroindustriais e minerais, sem o mínimo de respeito ao meio ambiente. Não se prioriza a sustentabilidade", reclamou.
De acordo com o parlamentar, o sul do Pará e o Mato Grosso são exemplos recentes e reais. "Só restam florestas onde existem áreas indígenas. Defendo os índios e sou favorável a demarcação contínua da Raposa/Serra do Sol", disse Babá ao sugerir que vilas e municípios inseridos na localidade podem ser abrigados em 'grandes latifúndios' existentes na região. "Neste ponto, em particular, sou radical em favor das minorias".
Diferença
Depois de se desfiliar e entregar no dia 20 passado a vice-presidência regional do PT, Luciano Rosa salientou que a postura de discordância dos visitantes em torno da política nacional e local lhes credenciam para construir uma história partidária diferente no País. "Tiveram a oportunidade de se vender, da mesma forma que outros petistas, mas optaram por manter a dignidade. É uma prova de que teremos um partido mais ético".
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