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Semec debate a identidade das Escolas do Campo

Agencia Belém - http://agenciabelem.com.br/
Autor: Tábita Oliveira
25 de Set de 2021

Para construir verdadeiramente a educação do campo, a Secretaria Municipal de Educação (Semec) reconfigurou o atendimento das escolas localizadas no campo, nas ilhas e florestas de Belém, a partir da criação da Coordenadoria da Educação do Campo, das Águas e das Florestas (Coecaf).

Outra ação foi a realização do primeiro webinário para discutir o tema - Identidade e Currículo: o diálogo entre territórios e saberes da Educação do Campo de Belém. O encontro foi transmitido pelo canal do Centro de Formação de Educadores (CFE) Paulo Freire, no YouTube.

"A Educação do Campo, das águas e das florestas é forjada na luta dos trabalhadores camponeses. Muitas pessoas, mães, marcharam há mais 30 anos para que a educação do campo se afirmasse como uma política pública permanente. Hoje temos cursos de formação de professores de licenciaturas do campo em 42 universidades brasileiras e legislações que garantem a escola do campo, um financiamento diferenciado, a formação de professores diferenciada. Logo, é preciso que a gente se afirme como sujeitos que moram nesses territórios. A escola do campo para gente é uma prioridade", informou a secretária de Educação, Márcia Bittencourt.

Sensibilidade no acolhimento, desde a matrícula do aluno até a construção da identidade da escola, são medidas intistuídas pela Semec para a educação no campo.

"Iniciamos uma nova etapa para formar pessoas que estão nas escolas do campo com os princípios pedagógicos que defendemos ao longo da história. É fundamental que essas pessoas sejam reconhecidas nos seus territórios e mais do que isso, que as nossas escolas possam se afirmar na auto-organização, no trabalho coletivo, autogestão, na interdisciplinaridade, nas cirandas e em muitos outros elementos", complementa a secretária.

Formação apresenta panorama e experiências

Salomão Hage, tem mais de 20 anos de estudo com educação no campo e destaca que Belém é um território amazônico diverso, mas que ainda tem uma visão urbanocêntrica, que inviabiliza e nega a existência dos povos dos campos, das águas e das florestas, que continuamente têm sido desterritorializado pelos grandes projetos do agronegócio, hidroelétricas e mineradoras.

"As nossas reservas florestais das escolas do campo estão sendo ameaçadas. Convido os educadores a proteger e combater essa situação. Porque muitas vezes as escolas do campo são a única representante do poder público naquele território", explica Hage.

Segundo o professor, nesses últimos 20 anos, mais de 150 escolas foram fechadas no Brasil, dessas 100 mil são do campo. No Pará foram 8 mil escolas.

"A ameaça é a negação do direito à educação, do investimento para ter uma infraestrutura de qualidade, água potável, energia elétrica, banheiros adequados, merenda escolar, sala de aulas adequadas e professores qualificados, assim como um projeto político-pedagógico singular", ressalta Salomão Hage.

Experiência - A agricultora Maria de Jesus dos Santos Gomes, do assentamento Bernardo Marin II, em Roças no Ceará, é pedagogia especialista em Educação do Campo e contou um pouco da sua experiência no evento.

"Primeiro é preciso compreender o que está acontecendo no campo brasileiro. A nossa educação se referencia na luta de classes. Há muitos projetos em disputa. Precisamos focar no projeto educativo de cada território. No Movimento do Sem Terra (MST) trabalhamos a formação humana com uma pedagogia que apresenta a história das lutas de classes desde a educação infantil para que os filhos dos assentados cheguem à universidade e depois retornem ao campo para contribuir para um projeto maior de vida", informou.

A agricultora ressalta que é preciso valorizar o modo de vida, os saberes, os valores humanistas, o trabalho como princípio educativo na perspectiva da agroecologia.

Belém investe na Educação do Campo

Atualmente, a rede municipal de Belém possui dez escolas do campo com a proposta de garantir uma educação integral e transformadora, baseada no reconhecimento da terra, águas, florestas e os territórios étnico-raciais como fundamentais para a proteção e dignidade da vida amazônica e ações educativas de formação.

No Distrito de Outeiro (Daout) há seis escolas; a EMEC Milton Montes e anexos Nazaré e Nossa Senhora dos Navegantes; EMEC Sebastião Quaresma e anexo Santo Antônio, que atendem crianças do 1o ao 5o ano, localizadas na ilha do Combu; e EMEI Cotijuba, que atende do berçário ao 3o ano, localizada na Ilha de Cotijuba. Todas contam com transporte escolar fluvial. Ao todo são 625 alunos.

No Distrito de Mosqueiro (Damos) há quatro escolas; a EMEC Madelana Travessos, que atende crianças do Jardim I ao 3o ano, localizada na comunidade do Paraíso e conta com transporte terrestre; EMEC Maria Clemildes, que atende do Jardim I ao 5o ano, localizada na comunidade Caruaru e conta com transporte escolar terrestre e fluvial, e Anexo Bacabeira; EMEC Angelos Nascimento, que atende do jardim I ao 5o ano, localizada no território quilombola Sucurijuquara e conta com transporte terrestre. Ao todo são atendidos 569 alunos.

Melhoria na infra-estrutura e equipamentos

Para oferecer um espaço adequado de ensino-aprendizagem, a Semec realizou no mês de julho a entrega de novo mobiliário para escolas municipais da ilha do Combu, ilha Grande e ilha de Cotijuba. A ação buscou preparar as unidades educativas para o retorno das aulas presenciais. As unidades educacionais foram contempladas com material de escritório, informática e pedagógico; equipamentos de cozinha, como panelas, geladeira, balança digital e moedor de carne; e equipamentos de serviços gerais, como carrinho de mão. O investimento total foi de R$ 29.602,39, oriundos do Fundo Municipal.

Também foram entregues dez micro-ônibus que custaram R$ 396.266,00, cada um, do Programa Caminhos da Escola, do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Os estudantes das Ilhas de Outeiro, Mosqueiro e Cotijuba passam a contar com veículo que transportará até 15 pessoas, ou seja, 13 estudantes, o motorista e um auxiliar. Cada veículo, também, disponibiliza a opção do Dispositivo de Poltrona Móvel (DPM), para o embarque e desembarque de estudantes com deficiência ou mobilidade reduzida.

A Prefeitura de Belém prepara o projeto Escola Parque, uma iniciativa de educação integral sustentada na valorização da cultura local. São 190 hectares do Parque Municipal da Ilha de Mosqueiro. A Unidade de Conservação Parque Municipal da Ilha de Mosqueiro foi criada pela Lei 1.401/88 e é formada pelas ilhas do Cotovelo, Terra Alta e Carará e margeada pelos rios Murubira e Tamanduá. O espaço possui três quilômetros de trilhas.

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