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27 de Ago de 2024
Sem trégua: focos de incêndio são debelados em SP, mas queimadas devem se espalhar até outubro
Ibama avalia contratar aviões de pulverização agrícola adaptados para atuar na região e discute a necessidade de trazer mais brigadistas e equipamentos
Jeniffer Gularte, Eduardo Gonçalves, Hyndara Freitas e Pollyana Araújo
27/08/2024
Mesmo com o anúncio da Defesa Civil de São Paulo na manhã da segunda-feira de que não havia mais focos ativos no interior do estado, os incêndios em áreas secas devem continuar a surgir em diversas regiões do país até outubro, segundo um prognóstico do Ibama. Além de haver queimadas combatidas em outros estados, como Paraná, Goiás e Mato Grosso, 48 municípios paulistanos continuavam em estado de alerta.
O Ibama avalia contratar aviões de pulverização agrícola adaptados para o combate às queimadas. Aeronaves particulares já são usadas no Pantanal, onde o governo gasta em média R$ 10 milhões a cada duas semanas com a contratação desse serviço. O instituto também discute a necessidade de contratar mais brigadistas e equipamentos.
- No Pantanal (os focos) já diminuíram bem. Na Amazônia, não diminuiu ainda, em São Paulo tivemos um pouco de chuva ontem, estamos tentando entender nas imagens de satélite o que é foco ativo. A chuva apaga o fogo, mas traz muita fumaça também e dificuldade de identificar pontos ativos - afirma o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho.
O Estado de São Paulo teve o mês mais incendiário desde que o monitoramento do fogo por satélite começou, em 1998. Até a noite de domingo, havia registros de 3.482 focos, segundo o satélite Aqua, da Nasa, que o Inpe usa como referência para sua série histórica. O recorde anterior havia sido agosto de 2010, quando São Paulo teve 2.444 focos.
Entre os cinco municípios que mais sofreram com os incêndios, segundo o Inpe, três estão na região de Ribeirão Preto (Pitangueiras, Altinópolis e Sertãozinho), um na região de Bauru (Ibitinga) e um na região de São José do Rio Preto (Olímpia). Pitangueiras acumulou 100 grandes frentes de fogo ao longo do mês (com mais de 30 metros de largura).
- Até quarta-feira, a gente tem ainda a atuação da frente fria que colaborou para ajudar a extinção dos focos de incêndio. Na quinta-feira, a umidade relativa do ar deve cair e a temperatura subir de novo. A vegetação, porém, vai estar mais úmida do que antes - afirmou o diretor de comunicação da Defesa Civil de São Paulo, capitão Roberto Farina.
Segundo o governo paulista, o fogo atingiu 14 regiões do interior, deixando dois mortos e 66 feridos. As chamas destruíram aproximadamente 60 mil hectares de lavouras, gerando um prejuízo estimado em R$ 350 milhões para os agricultores, segundo a Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana). Mas o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) estimou o prejuízo total em R$ 1 bilhão. O governador anunciou na segunda-feira uma linha de crédito de R$ 100 milhões para trabalhadores do agronegócio afetados pelas queimadas.
- Muitas instalações foram destruídas e afetadas. Tivemos a perda de animais e de lavouras. É muito triste ver os produtores da cana-de-açúcar, que é uma cultura muito forte em São Paulo e tem sido responsável pelo bom resultado da balança comercial do estado - disse Tarcísio, em entrevista à Globonews.
Embora o governo federal tenha afirmado que há indícios de ação criminosa coordenada nas queimadas no interior de São Paulo, Tarcísio afirmou na segunda-feira que havia outros possíveis motivos.
- Você tem uma estiagem muito pesada, de muito tempo, lavouras que estavam secas, calor extremo, baixa umidade relativa do ar, muito vento, qualquer coisa pode provocar uma ignição. Existe também pessoas que criminosamente fizeram incêndio ou se aproveitaram da oportunidade para descartar material de forma irregular. Mas não me parece uma ação coordenada ou que estivessem conectados - ressalvou.
Fogo no Pantanal
Em Mato Grosso, onde dois brigadistas morreram no combate ao fogo (leia na página seguinte), o Corpo de Bombeiros informou na segunda-feira que ainda enfrentava 26 incêndios florestais. No Pantanal, 63 bombeiros atuam em locais críticos, incluindo a Reserva Particular do Patrimônio Natural Sesc Pantanal, em Barão de Melgaço, e diversas fazendas ao longo da Transpantaneira, em Poconé.
Outras operações estão em andamento no Parque Estadual Serra Ricardo Franco, em Vila Bela da Santíssima Trindade, e na Fazenda Cambará, em Santo Antônio do Leverger. Bombeiros estão em diversas fazendas e áreas rurais. As operações são feitas com brigadistas do ICMBio e Ibama, além de militares, da FAB, da Marinha e de outros órgãos de segurança e defesa civil. O Batalhão de Emergências Ambientais também usa satélites para monitorar os focos de incêndio em áreas de difícil acesso, como o Parque Estadual Cristalino II e várias terras indígenas.
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