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Sem terra, índios Kinikinau lutam contra extinção em MS

Campo Grande News
Autor: Graciliano Rocha
05 de Ago de 2007

Os índios Kinikinau sonham em voltar a ter um território próprio para preservar seus costumes ancestrais. São hoje 500 Kinikinau espalhados pelo Mato Grosso do Sul e eles são um dos poucos povos indígenas a não dispor de uma reserva própria.

"Hoje o nosso povo está solto, a gente mora de favor nas reservas dos outros", reclama Ambrósio Góis, 53 anos. A terra, diz ele, é o que vai definir a diferença entre a preservação da cultura da etnia ou a extinção dos costumes que são transmitidos geração a geração.

O principal elemento cultural define a identidade desses índios é o idioma Kinikinau. Nele, o termo Wakashu tem grande importância política. Significa "Lagoa da Capivara", nome da terra de onde foram expulsos em 1932, no governo de Getúlio Vargas. A Wakashu é uma área de 10 mil hectares fincada na divisa dos municípios sul-mato-grossenses de Miranda e Aquidauana, no sul do Pantanal. A terra vem sendo reivindicada desde o final dos anos 90, mas ainda não há uma posição conclusiva do governo federal se a reserva Kinikinau será criada.

"Na terra dos outros não há liberdade, não dá para preservar a cultura porque tem mistura", diz Góis, que é morador da aldeia São João, em Porto Murtinho, cuja maioria da população pertence a outra etnia, os kadiweus.

A cerâmica é uma das tradições que os Kinikinau mantêm vivas pelas mão de gente como Agda Roberto, 53 anos, e Zeferina Moreira, 65. Chamada Moté Ypoti, a cerâmica difere da convencional em muitos pontos. Ao invés do forno, o barro é queimado com lenha para se transformar em utensílios rústicos como tigelas, vasos e pequenas esculturas. O processo de queima com lenha dá às peças uma tonalidade mais clara e não uniforme às peças, que recebem o acabamento de corantes feitos à base de sementes de plantas do cerrado.

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