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Sem refúgio, 600 espécies rumam para extinção

O Globo, Ciência e Vida, p. 31
08 de Abr de 2004

Sem refúgio, 600 espécies rumam para extinção

Roberta Jansen

Pelo menos 300 espécies listadas como criticamente ameaçadas de extinção estão completamente desprotegidas. Estudo inédito da ONG Conservação Internacional revela que animais tão raros e exóticos quanto o morcego raposa-negra-voadora, das Ilhas Comores, vivem em áreas sem nenhum tipo de proteção legal.
O estudo mostra ainda que, além dos animais criticamente ameaçados, vivem em áreas desprotegidas 237 espécies ameaçadas e 267 vulneráveis. O trabalho destaca a Mata Atlântica como uma das regiões mais carentes de proteção legal.
Atualmente, cerca de 12% da superfície terrestre do planeta estão legalmente protegidas. Mas o estudo, publicado na "Nature", demonstra que existem lacunas no sistema de unidades de conservação que podem significar a extinção em definitivo de muitas espécies ameaçadas em poucas décadas.
- As áreas de proteção são a maior ferramenta de conservação de espécies porque eliminam a maior causa de extinção, a perda de habitat - diz a pesquisadora do Centro de Ciências Aplicadas à Biodiversidade Ana Rodrigues, principal autora do estudo. - Mas os critérios para a criação dessas áreas nem sempre são estratégicos.
A pesquisadora lembra que 6% do total de áreas protegidas do mundo estão na Groenlândia, são compostas praticamente de gelo e abrigam apenas oito das espécies estudadas.
- Precisamos expandir as áreas de forma estratégica, para onde está a biodiversidade.
Mata Atlântica abriga espécies mais vulneráveis
Para realizar a "Análise global de lacunas", os pesquisadores selecionaram áreas onde ocorrem 11.633 espécies de aves, mamíferos, anfíbios e tartarugas de água doce. Um mapa com as 100 mil unidades de conservação existentes no mundo foi sobreposto ao das áreas de ocorrência dos animais, revelando os lugares onde as espécies vivem sem nenhum tipo de proteção.
O ecossistema brasileiro onde há mais espécies vulneráveis é a Mata Atlântica.
- As áreas protegidas no Brasil ocupam 15% do território, mas a maioria é de reservas indígenas. Isso é muito importante, claro, mas há uma falta imensa de áreas protegidas na Mata Atlântica - analisou a especialista.
Para Ana, a situação da Mata Atlântica é tão crítica que todos os remanescentes da floresta deveriam ser protegidos.

O Globo, 08/04/2004, Ciência e Vida, p. 31

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