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Selo comprova práticas comerciais justas

Valor Econômico - https://www.valor.com.br/agro
30 de Nov de 2018

Selo comprova práticas comerciais justas

Sergio Adeodato

Mecanismos dedicados a rastrear matérias-primas da floresta como subsídio ao comércio justo, que valoriza o conhecimento tradicional, têm potencial de diferenciar produtos nas prateleiras, especialmente em mercados de consumo sensíveis ao papel da Amazônia no contexto das mudanças climáticas. "Empresas começam a entender que uma nova lógica no suprimento pode minimizar danos ambientais e proporcionar saltos com impacto positivo, promovendo o desenvolvimento local ao dar luz à economia oculta da floresta", analisa Patrícia Cota Gomes, coordenadora de projetos do Imaflora, organização que promove o uso sustentável dos recursos naturais.
O selo Origens Brasil, criado em parceria com Instituto Socioambiental para fomentar relações comerciais éticas e transparentes, envolve 1,2 mil produtores de ingredientes para doze grandes fabricantes. "Além de saber de onde vem os insumos, o desafio é valorizar territórios e pessoas e despertar conexões responsáveis entre quem produz e quem compra", diz. Dos 32 produtos florestais com tecnologia QR code que permite ao consumidor conhecer a origem e as histórias de vida locais, estão a pimenta baniwa, a alpargata caiapó e o cogumelo yanomami, além de borracha, farinhas e a manteiga de cumaru, vendida por comunidades extrativistas a fabricantes de cosméticos. A castanha-do-brasil, obtida das áreas cadastradas pela plataforma, abastece empresas como a Wickbold: "O selo nos dá mais segurança de que os negócios se realizam com respeito às populações e remuneração digna, necessária à manutenção da cultura tradicional e à permanência na floresta, o que inibe ações dos madeireiros", diz o gerente de marketing, Pedro Wickbold.
Diante dos resultados, a participação do insumo amazônico no negócio aumentou de 2% para 20%, rendendo R$ 1,5 milhão às famílias responsáveis pela extração na região da Terra do Meio, no Xingu, em 2018. Neste ano, o mercado de pães especiais com castanha-do-brasil cresceu 14% e pelo oitavo ano consecutivo a Wickbold foi a marca mais vendida do
"O modelo soma valor também para quem compra", diz Lívia Froes, responsável pela aquisição de ingredientes da América Latina na Lush. A fabricante inglesa de cosméticos é abastecida de cumaru por comunidades indígenas, grupos extrativistas e quilombolas do Xingu e da Calha Norte do rio Amazonas. Em 2018, a matéria-prima fornecida para perfumes, xampus e espumas de banho totalizou 12 toneladas, 60% do volume global comprado pela empresa.
Sem intermediários, os preços melhoram. "É importante fazer a ponta final do consumo reconhecer a importância econômica da floresta que não é derrubada". Para Fernanda Stefani, da 100% Amazônia, de Belém, exportadora de produtos amazônicos, "as comunidades percebem que é possível fazer negócio com empresas na lógica do ganha-ganha".

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